Os dados distorcidos foram divulgados, estrategicamente, na véspera do Dia da Servidora e do Servidor Público
Na semana de atividades pelo Dia da Servidora e do Servidor Público, onde diversos atos nos estados reforçaram a importância do funcionalismo para a sociedade, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) enviou para o Ministério da Economia e para autoridades do Legislativo um estudo que indica o Brasil como um dos países que mais gastam com salários de servidores. Estrategicamente, o estudo foi divulgado na véspera do dia 28 de outubro.
De acordo com a CNI, as despesas com servidores da União, dos estados e municípios corresponderam a 13,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2018, enquanto a média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE - seria de 9,9% do PIB. No ranking divulgado pela Confederação, o Brasil está à frente da Suécia (12,7%), França (12,1%), Itália (9,5%) e Alemanha (7,5%).
No entanto, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), refutou os números distorcidos da CNI e indicou que "o serviço público brasileiro não tem excesso de pessoal, como reconhece a Nota Econômica nº 15/2020". O Dieese registra que o Brasil tem 12,5% de empregados no setor público, contra 21,1% na média da OCDE. Ou seja, assinala déficit de pessoal na comparação com outros países.
O equívoco, contudo, está no fato de que a estatística citada pela CNI, com base em dados do Fundo Monetário Internacional - FMI - indicando média de gasto de 9,9% da OCDE, se limita aos servidores públicos em atividade, não incluindo os aposentados.
Além desse erro grosseiro, continua o Dieese, "a CNI desconsidera que os dados do FMI não são bem padronizados, distorcendo a comparação entre países. Enquanto no Brasil as despesas intra-orçamentárias (contribuição do governo aos Regimes Próprios) e a imputação contábil do déficit previdenciário inflam os gastos com pessoal apresentados ao FMI, na maior parte dos países da OCDE isto não é feito. Sem as imputações, o gasto com servidores ativos no Brasil está no mesmo patamar do que a média da OCDE".
Confira abaixo o estudo:
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