Rogério Galindo, Caixa Zero:
Todo o superávit que o governo do Paraná prevê ter neste 2015 pode ser creditado a uma única fonte: a previdência dos servidores estaduais. A conta é fácil de fazer. Segundo o secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, o Paraná prevê que as receitas ficarão R$ 2 bilhões acima das despesas. É basicamente o mesmo montante que o estado deverá retirar, de vários modos, da previdência.
O primeiro saque, em maio, foi de R$ 523 milhões, baseado na lei aprovada no 29 de abril – apesar dos protestos dos servidores e da repressão violenta da PM que deixou 213 feridos. Com a nova regra, o estado pode usar o dinheiro do Fundo Previdenciário – espécie de poupança dos servidores para pagar aposentadorias futuras – para pagar os aposentados de hoje.
Como a regra era retroativa a primeiro de janeiro, sacou-se já de cara o equivalente a quatro meses. Depois vieram os saques mês a mês. Contando nove saques (incluído aí o dinheiro para pagamento do décimo terceiro) são pouco mais de R$ 1,1 bilhão a ser retirados da “poupança” – inicialmente estimada em R$ 8 bilhões.
Só isso daria R$ 1,6 bilhão. Mas na semana passada, o repórter Euclides Lucas Garcia descobriu que o leilão da folha de pagamento dos inativos, ao invés de ter seu dinheiro repassado ao Paranaprevidência, irá para o Tesouro. Isso pode significar até R$ 200 milhões a mais. Ou seja, somam-se R$ 1,8 bilhão. Quase todo o “superávit”.
É como se todo o resto do ajuste fiscal tivesse servido apenas para tampar o buraco, fechar o déficit. Daí para cima, tudo é previdência. Dinheiro que terá de ser reposto, no futuro, provavelmente por algum outro governo, para que os funcionários não fiquem sem seus pagamentos mensais.
Fonte: Cícero Cattani
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