Quanto mais leio, ouço ou vejo os economistas discorrerem sobre déficit público, mais me sinto repetitiva. E chata. Pode ser que minha aritmética esteja superada.
Durante o tempo em que andei afastada deste espaço que você tanto prestigia, segui virando e revirando os mais fundamentados argumentos sobre a necessidade de corte de despesas dos governos federal, estaduais e municipais.
São fantasticamente convincentes.
Pena que nenhum deles considere o inchaço das “despesas”, digamos, não contabilizadas da corrupção enraizada em todas as instâncias e ideologias. Na mídia em geral, segue prevalecendo a certeza de que as despesas públicas que mais crescem atendem pelo nome de folha de pagamento. A julgar pela amostra que vimos a partir da Lava Jato, obviamente a despesa que mais cresce é bem outra: trata-se da ladroagem de dinheiro dos impostos. Governantes se apropriam do dinheiro que sabem tão bem nos cobrar. E não o contrário.
Não são os aposentados, tampouco os funcionários públicos, que quebram os tesouros oficiais. As novas delações de empreiteiros e subordinados vão escancarar o fato de que todos os partidos – e a ampla maioria de seus respectivos caciques – roubam a céu aberto.
Como, então, punir ainda uma vez o cidadão em nome do acerto de contas públicas?
Não é por nada, mas será que é tão difícil assim fazer uma conta simples para se chegar à conclusão de que o combate ao déficit público começa pelas medidas contra a corrupção? Como já disseram tantas vezes os procuradores que compõem a força tarefa da Lava Jato, a corrupção é apartidária, e mudança de governo não muda nada.
Fonte: Lillian Witte Fibe.
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