O pacote de austeridade anunciado pelo governador Beto Richa (PSDB) pode desencadear uma greve geral de servidores públicos estaduais. O Fórum das Entidades Sindicais do Paraná (FES), que reúne 14 sindicatos de funcionários do estado, orientou as entidades filiadas a cruzar os braços na semana que vem por tempo indeterminado. Antes de ser deflagrada, a greve precisa ser aprovada pelos trabalhadores de cada categoria.
INFOGRÁFICO: Veja as medidas do governo que podem levar os servidores a entrarem em greve geral
Diversas classes estão com assembleias marcadas para os próximos dias. Servidores da educação vão se reunir em Guarapuava amanhã, e, nos bastidores, a paralisação já é dada como certa (leia mais ao lado). Além disso, servidores da saúde, de universidades estaduais, agentes penitenciários e educadores sociais também farão assembleias para debater o assunto. O FES deve promover, também, uma Assembleia geral de servidores na terça-feira, em frente ao Palácio Iguaçu.
O governador está chamando a greve, está querendo a greve. Isso é uma provocação, comentou Elaine Rodella, uma das coordenadoras do FES e do Sindicato dos Servidores Estaduais de Saúde (SindSaúde). Para ela, Richa penaliza os servidores por erros administrativos que ele próprio cometeu ao longo dos últimos quatro anos. A categoria se reune amanhã, também em Guarapuava.
Já Antony Johnson, do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen), considera que a greve será inevitável, caso o pacote entre em votação. A greve com certeza vai ser aprovada pelos sindicatos, a não ser que o projeto seja retirado de pauta, afirma. A categoria se reúne na manhã de terça-feira.
Insatisfação
O principal motivo da greve são mudanças na carreira propostas pelo governador dentro do pacotaço anunciado na quarta-feira. Duas delas afetam todo o funcionalismo do estado: a extinção do quinquênio a cada cinco anos, os servidores recebem um acréscimo de 5% do salário e a criação de um teto da previdência estadual, de R$ 4,6 mil. Outras mudanças afetam exclusivamente o magistério.
Para Elaine, as propostas do governo não só mexem em direitos adquiridos pelos servidores como também podem encorajar a aposentadoria precoce de funcionários e estimular uma onda de exonerações o que reduziria o quadro de servidores.
Além disso, ações anteriores também colaboraram para a existência da greve. Segundo Johnson, o quinquênio e as promoções dos agentes penitenciários e dos policiais civis não são pagos desde 2013. Além disso, servidores que tiraram férias em dezembro, janeiro e fevereiro não receberam seu terço de férias.
Outro lado
Através da assessoria de imprensa, o governo disse que não vai comentar a possibilidade de greve e admitiu que as medidas tomadas são duras, mas necessárias. Para o estado, as alterações vão reequilibrar o caixa e permitir a retomada de obras, projetos e programas, além do diálogo com os servidores.
Para petista, pacotaço é um deboche
Euclides Lucas Garcia
Líder da oposição na Assembleia Legislativa, o petista Tadeu Veneri considera um deboche com os parlamentares e com os paranaenses a forma como o Executivo vem conduzindo o pacotaço. Na visão dele, os projetos abordam temas densos e bastante técnicos, incompreendidos por quase todos os deputados, incluindo os governistas.
Se tivéssemos pelo menos 15 dias para debater esses assuntos, 90% das dúvidas seriam esclarecidas e as propostas seriam votadas, mesmo a gente não concordando, afirma Veneri. Mas há termos tão técnicos somados a uma total falta de informação que é impossível entender as medidas. O que sabemos, na verdade, é que o governo está colocando a mão no bolso de todos.
Veneri manifesta preocupação com o impacto que as medidas terão para o futuro do estado. Isso é uma irresponsabilidade, um atestado de incompetência e falência geral do governo, ataca. O governador quebrou o estado e, agora, aparece com uma maquiagem, uma cobertura artificial lançando mão de recursos que farão falta para os próximos gestores de todos os poderes e também para prefeitos.
Ele cita, por exemplo, a decisão de fundir dois dos três fundos da Paranaprevidência apenas os militares ficarão de fora , permitindo que o Executivo use uma poupança de R$ 8 bilhões para pagar o mês a mês da folha de inativos do estado. Isso será uma tragédia. O governo vai extinguir o fundo que hoje é a garantia da aposentadoria dos servidores públicos.
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