Com um currículo recheado e uma paixão por coleções, Maury Antônio Cequinel Júnior, aos 57 anos, é um bibliotecário reconhecido e um dos fundadores de três sindicatos. Entre eles, o próprio Sindicontas – onde hoje atua no Conselho Deliberativo. Este é o segundo personagem da série de entrevistas com servidores públicos do TCE-PR que, através da sua história de vida, consegue inspirar tantos outros profissionais. O sindicato traz o projeto como uma forma de valorização da categoria.
A vida na Biblioteconomia surgiu quando ainda trabalhava no Museu da Imagem e do Som (MIS). Maury buscava um curso técnico que mostrasse formas de organização de materiais e documentos para que ajudasse no seu trabalho. Quando ficou sabendo da possível formação, logo abandonou a ideia de cursar agronomia para se graduar em Biblioteconomia e Documentação na Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Basicamente, este profissional organiza as informações armazenadas em qualquer tipo de suporte, livros, periódicos, multimídia, documentos históricos ou recentes de bibliotecas, arquivos ou museus. Cequinel ainda realizou duas pós-graduações na UFPR em Instituições de Nível Superior e em Tecnologia da Informação. Além do MIS, trabalhou em uma Auto Escola, no Museu Paranaense, na Biblioteca Pública do Paraná, na Universidade Estadual de Ponta Grossa e no Tribunal de Contas.
Ainda que hoje reconheça que todo o esforço valeu a pena, nem sempre foi fácil, já que enfrentou diversos preconceitos por escolher tal profissão. Aliás, era o único homem da turma, era considerado subversivo e contestador, foi presidente do Centro Acadêmico e foi o único da área a participar dos Jogos Universitários, tanto no judô quanto na natação. “Apesar dos julgamentos, acabei me formando com a melhor nota na monografia na época. Acho que, apesar dos contrastes, me sai bem e não me arrependo das minhas escolhas”, conta o analista de controle.
Sobre os sindicatos que ajudou a fundar, Maury entende que veio de uma necessidade em buscar novas conquistas e por questões legais – antes eram apenas associações. Relata que o Sindicato dos Servidores da UEPG (Sintespo) e o Sindicato dos Servidores do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (Sindicontas) surgiram de reuniões quase que secretas nas bibliotecas onde trabalhou da Universidade Estadual de Ponta Grossa e do TCE-PR. Além das duas, fundou o Sindicato de Bibliotecários do Paraná. Pela sua postura democrática e sem permitir a censura de ideias e livros, nos últimos anos da sua carreira já como Diretor da Jurisprudência e Biblioteca do TCE-PR ainda realizou os projetos Música na Biblioteca e o Livro Livre, que contava com a participação dos servidores, estagiários e terceirizados da casa.
Maury entrou no Tribunal de Contas através do concurso para Bibliotecário, agora Analista de Controle, em 1994. O bibliotecário sempre auxiliou seus colegas de profissão em suas auditorias e relatórios. “Sinto orgulho e acho que cumpri meu papel como profissional da informação nos 24 anos que trabalhei no TC”.
Sobre as suas coleções, o analista de controle possui mais de 4500 marcadores de páginas de livros e 1600 lápis. Estes variam dos mais antigos, desde 1945, até os mais novos, de 2018 – nacionais e também estrangeiros. Inclusive, uma das coleções que ganhou foi de um dos colegas de trabalho, Jorge Nivaldo Fortes, que também era analista de controle, hoje já aposentado. Maury finaliza enfatizando o apoio da sua família em suas escolhas e espera que, de alguma forma, deixe bons exemplos para as novas gerações.
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