Ex-governador atribuiu a derrota no Senado às políticas de seu segundo mandato e à prisão e citação em investigações de corrupção
Uma combinação de imagem manchada por políticas adotadas nos dois mandatos como governador do Paraná e o envolvimento em operações policiais foi a justificativa de Beto Richa (PSDB) para a derrota acachapante nas urnas no domingo (7). Tido como um dos principais concorrentes a uma das duas cadeiras no Senado, Richa terminou com um modesto sexto lugar e um número de votos muito abaixo do que esperava – o que ele também disse ser consequência do desempenho ruim do PSDB em todo o país e de um abandono de seus aliados na reta final de campanha.
O ex-governador comentou sua derrota na manhã desta segunda-feira (8), em entrevista coletiva em seu comitê eleitoral em Curitiba. Aos jornalistas, voltou a apontar sua prisão em decorrência da operação Rádio Patrulha, no dia 11 de setembro, como um dos motivos que mais comprometeram sua ida a Brasília. “[O STF] apontou fortes indícios de que tal operação teve fundos político para interferir no pleito eleitoral. Um desprezo à democracia”, disse.
Outras situações que para ele refletiram na derrota foram seus dois mandatos consecutivos – incluindo a política de ajuste fiscal implementada em sua segunda gestão – e o desprezo de políticos antes parte de sua base aliada. “Isso [prisão resultante das investigações da Rádio Patrulha] me arrebentou junto aos meus eleitores e às lideranças que me apoiavam em cada município do estado. Terminei a campanha praticamente sozinho”, comentou.
Futuro político é incerto
O ex-governador falou ainda não ter pensado em alternativas para sua carreira política, até então ininterrupta desde 2001, quando foi eleito vereador de Curitiba.
Por enquanto, afirmou, vai analisar “com serenidade” e tomar um tempo para cuidar da própria vida para, depois, decidir até mesmo sobre uma remota chance de deixar de vez os palanques. “Mais para frente vou me posicionar se continuo ou se avalio minha retirada da vida pública”, afirmou, negando que já haja costuras para assumir alguma secretaria no governo do candidato eleito Ratinho Jr (PSD). “Eu nunca fui atrás cargo e não falei com Ratinho até agora. Ele é jovem, tem vigor, é trabalhador e minha expectativa é que seja um bom governador para o estado do Paraná.”
Apesar da surpresa em não se eleger, Beto Richa disse ainda que não está abalado nem com o resultado das urnas nem com a debandada de sua base aliada. “A vida do político é assim mesmo, com altos e baixos, picos e vales. Eu já preparei há algum tempo o meu espírito para esse momento. Nunca tive apego ao poder”.
Tendência a apoiar Bolsonaro
O ex-governador do Paraná também se posicionou sobre o cenário eleitoral que se desenhou com as eleições desse domingo (7), levando para o segundo turno os candidatos Jair Bolsonaro, do PSL, e Fernando Haddad, do PT.
Conforme Richa, as orientações do PSDB serão discutidas em reunião da executiva nacional do partido nesta terça-feira (9), da qual ele fará parte. Até lá, a legenda no Paraná não vai se manifestar.
Contudo, pessoalmente Richa reiterou o que já havia dito neste domingo: sua tendência é apoiar Bolsonaro – candidato que ele classificou como sendo a “esperança” para o Brasil.
Questionado sobre declarações polêmicas do capitão reformado do Exército, o ex-governador negou que não veja preocupação em algumas posturas dele, mas que, nesse momento, Bolsonaro parece ser economicamente melhor preparado. “Não temos nem de longe um candidato ideal. Agora tem que escolher”, finalizou.
Fonte: Gazeta do Povo
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