Não é exagero dizer que o Paraná viveu nestes últimos dias os momentos mais tensos e indecisos da vida política que antecedem uma eleição no Estado. Viu-se de tudo. Desde trairagens, conchavos, interferência da executiva nacional para impedir alianças locais, acertos espúrios, candidaturas laranjas, desistências, acordos brancos feitos por debaixo do pano, enfim, todos os ingredientes que não permitem traçar um cenário claro no transcorrer dos próximos 60 dias. Literalmente, tudo pode acontecer.
Muito desta confusão política deu-se pela inesperada, porém, já comentada nos bastidores político, decisão de Osmar Dias (PDT) de abandonar completamente a disputa eleitoral. O pedetista que aparecia em pesquisas tecnicamente empatado na liderança com Ratinho Júnior (PSD) anunciou que estava abrindo mão de concorrer ao Palácio Iguaçu. Os motivos correram o Centro Cívico. Uns disseram que a causa foi o apoio do irmão Álvaro Dias à campanha de Ratinho. Outros sugerem até caso de extorsão envolvendo questões estritamente pessoais. Fato é, e o que nos importa neste espaço, é que a saída de Osmar Dias abriu um vácuo. E a física nos mostra que todo espaço não fica totalmente vazio e rapidamente é ocupado. E na política este “rapidamente” é levado ao pé da letra.
Assim que veio à tona a decisão dos pedetistas caciques de diferentes partidos disparam ligações e emissários. Prometeram tudo. Mas nada demoveu a ideia fixa de Osmar de se afastar das eleições de 2018. Era hora de ocupar os espaços. E como ficou a corrida eleitoral? O que esperar de cada candidato? Quais os pontos fortes e fracos de cada um? Após ouvir diversas fontes das mais diferentes cores partidárias, além de cientistas políticos, eis uma ideia do que veremos até 7 de outubro.
Cida Borghetti: a governadora conseguiu compor a maior aliança entre os candidatos ao Palácio Iguaçu. Estratégia minuciosamente pensada por Ricardo Barros, deputado federal e marido de Cida. Destaque para a trinca PSDB, PSB e DEM que lhe garantiu o maior tempo de rádio e televisão durante a campanha. Os quatro meses que exerceu o cargo de governadora foram muito bem aproveitados, principalmente no quesito conquista de prefeitos e lideranças, e os louros serão colhidos no 7 de outubro.
A favor: dispõe de toda a visibilidade que o governo lhe trouxe, traz e ainda vai trazer, claro que dentro do limite eleitoral, além do importante apoio do prefeito de Curitiba Rafael Greca – que administra o maior colégio eleitoral do Estado. Conta com o apoio de diversos prefeitos e lideranças espalhados por todo o Estado.
Contra: não tem na chapa nenhum candidato bom de voto em Curitiba. Se não decolar nas pesquisas, pode sofrer com traições durante a campanha. Os adversários tentarão carimbar a ideia de continuidade do governo Beto Richa.
Ratinho Júnior: Foi o grande estrategista. Montou uma chapa que numa primeira análise mostra partidos médios sem a presença de grandes legendas, mas conseguiu, por exemplo, rachar o PSDB e o DEM atraindo deputados com capilaridade eleitoral.
A favor: Conseguiu atrair o apoio do senador e presidenciável Álvaro Dias e espera colher no dia 7 de outubro os acordos firmados com prefeitos e lideranças durante sua passagem na SEDU (Secretaria de Desenvolvimento Urbano). Conseguiu equilibrar bem os votos no interior e na capital, contando com campeões de voto em Curitiba como o candidato a deputado federal Ney Leprevost.
Contra: Pode encontrar dificuldades num eventual segundo turno e ver repetir a eleição para a prefeitura de Curitiba quando se destacou no primeiro turno, mas acabou superado por Gustavo Fruet na reta final. Terá a missão de mostrar ao eleitor curitibano conservador que apesar de jovem tem maturidade para governar o estado.
João Arruda: Dos principais candidatos é o que entrou mais tardiamente na disputa. Após a desistência de Osmar Dias, o grupo do MDB do senador Roberto Requião agiu rápido e viabilizou a candidatura do deputado federal João Arruda ao governo.
A favor: Arruda conseguiu agrupar parte da esquerda, excluindo a ala petista que lançou Dr. Rosinha como candidato. O emedebista conseguiu um bom tempo de televisão e deve adotar a postura de franco-atirador se colocando como oposição ao governo Beto Richa/Cida.
Contra: Embora durante o mandado em Brasília tenha adotado posturas distintas do senador Requião, Arruda terá de carregar o tio à tira colo. E a rejeição de Requião em Curitiba, maior colégio eleitoral, é um ponto fraco na campanha. Será alvo dos adversários que tentarão colar a imagem dele com o PT. Além disso, não terá como escapar das questões sobre o governo Temer, também do MDB.
E o que os três têm em comum? Cida, Ratinho e João Arruda têm tempo de rádio e televisão parecidos, com destaque para Cida que terá quase três minutos. E outra curiosidade: nenhum dos três escolheu um vice que agrega voto. Todos os vices escolhidos têm importante estratégica dentro da campanha, mas voto que é bom e decide eleição, NADA!!!
Fonte: Bem Paraná
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