Audiência pública do Senado na Assembleia Legislativa do Paraná apontou os efeitos nocivos da reforma da Previdência para servidores
“Mexeu no meu direito jamais será eleito” – “Não aceitaremos, nenhum direito a menos” - esses foram os recados dados pelo público que lotou as as galerias da Assembleia Legislativa do Paraná na Audiência Pública do Senado Federal sobre a reforma da Previdência, que aconteceu na manhã desta sexta-feira (31), em Curitiba. Portando faixas, camisetas e adesivos do movimento cívico “Todos contra o fim da aposentadoria”, as pessoas mostraram seu descontentamento com a proposta do governo federal para a Previdência Social.
“É evidente que servidores públicos e trabalhadores de todos os setores têm claro, com base em dados técnicos, que a reforma da previdência no modelo proposto pelo governo federal é um erro colossal, que prejudicará amplamente à imensa maioria dos brasileiros. Nós, servidores do Tribunal de Contas do Paraná somos peça fundamental nessa luta. Só com a mobilização de todos é que conseguiremos barrar essa proposta de reforma da Previdência”, destaca o presidente do Sindicontas-PR, Luiz Tadeu Grossi Fernandes.
O ex-ministro da Previdência, Carlos Gabas, afirma que o a reforma da Previdência é um equivoco do governo tanto na forma, como no conteúdo. “Na forma porque não estimula o debate, não quer discutir a Previdência com ninguém . E no conteúdo porque o governo faz uma enorme confusão na conta e quer resolver um déficit estrutural destruindo todo um sistema. A base de arrecadação é a folha salarial, com o desemprego e a crise é normal que a arrecadação caia. Então, a melhor forma de resolver o problema é fomentar a economia”, apontou Gabas.
Participaram da audiência os senadores Roberto Requião (PMDB/PR), Paulo Paim (PT/RS), Gleisi Hoffmann (PT/PR), o ex-ministro da Previdência, Carlos Gabas, a Frente de Entidades de Servidores Públicos do Paraná, diversas centrais sindicais, o deputado federal Aliel Machado (PV/PR), deputados estaduais, prefeitos e vereadores de diversos municípios do estado, o Arcebispo de Curitiba, Dom José Antônio Peruzzo, sindicatos e movimentos sociais, além de diversos outros de representação e entidades da sociedade civil organizada.
Todos foram unânimes em condenar a reforma do governo. O senador Roberto Requião afirmou ser um erro do governo procurar estabelecer o estado mínimo: “Em todos os países em que foi implantada, essa politica neoliberal ultrapassada de redução de gastos sociais, salários e diminuição de direitos se mostrou desastrosa para a população. Não é a toa que na Inglaterra, na Itália, na Espanha, no Chile e em demais países, ela está sendo rejeitada. É uma vergonha que o governo brasileiro ainda se sujeite a ela querendo implantar reformas que vão desmontar todo o estado de bem estar social para favorecer o sistema financeiro internacional”, disse o Requião.
O senador Paulo Paim foi outro que criticou duramente a reforma. “Tentam usar o mito do rombo para impor mais sacrifícios à população. É para evitar isso que estamos trabalhando para criar a CPI da Previdência. Quem não deve não teme. Vamos analisar as contas da Previência. Nos últimos 4 anos foram desviados R$ 100 bilhões das contribuições só do trabalhador. Queremos a CPI. Vamos mostrar quem está assaltando a nossa Previdência”, resumiu Paim.
A Senadora Gleisi Hoffmann também é favorável à CPI. “De cada R$ 10 que circulam no Brasil, R$ 4 vão para a Seguridade Social, ou seja, como o governo diz que há um déficit. Queremos saber onde está indo esse dinheiro. Nessa reforma da previdência está o bojo do desmonte do estado de bem estar social. Isto fica bem claro com as demais reformas como a trabalhista, a terceirização e A PEC do teto É uma vergonha”, disse Gleisi.
Mobilização nas ruas
Todos os presentes também concordaram que para conseguir derrubar a proposta de Previdência do governo é preciso que a população ocupe as ruas para deixar clara sua insatisfação: “É fato que só vamos conseguir barrar esses ataques do governo contra os trabalhadores indo para a rua protestar. Precisamos pressionar o governo e os deputados. Estaremos tomando as ruas para mostrar ao governo que não pode agir do modo que bem entender e que antes de qualquer mudança precisa ouvir primeiro a população”, disse o presidente da Força Paraná, Nelson Silva de Souza, o Nelsão.
Para o deputado estadual Mauricio Requião, que foi quem presidiu a Audiência, a intransigência do governo facilita os movimento contra a reforma. “O único mérito do governo com essa proposta foi unir a grande maioria dos brasileiros. Independente de posicionamentos ideológico, a grande maioria da população é contra essa reforma e está disposta a lutar contra ela”, disse o deputado.
Movimento Todos contra o Fim da Aposentadoria
O movimento “Todos contra o fim da aposentadoria” foi criado a partir da união de servidores públicos, incluindo os servidores do Tribunal de Contas, trabalhadores da iniciativa privada e diversas entidades representativas do serviço público. A página já conta com 430 mil curtidas.
Confira o que falaram mais alguns participantes da Audiência:
“Na justificativa para a PEC não existe nenhuma referência aos valores éticos e solidários. Tudo é reduzido a questões financeiras. O debate sobre a previdência não pode ficar restrito a disputas ideológico partidárias sujeitos a influencias de grupos dos mais diversos interesses . Antes é preciso que esse olhe para as classes mais frágeis, doutra maneira o poder vai oprimir aqueles que precisam muito mais de justiça. Nos participamos deste combate (contra reforma da Previdência) por uma questão de justiça”, Dom José Antônio Peruzzo, arcebispo de Curitiba.
“Não podemos pensar que um cortador de cana em Jacarezinho tenha o mesmo estilo de vida que um profissional liberal que trabalha no centro de Curitiba. Déficit previdenciário não pode ser justificativa para um reforma tão ampla como essa e que afeta tantos trabalhadores. Consideramso inaceitável uma proposta como essa que não traga as pessoas para o debate, para a discussão”, Patrícia Lopes, presidente da Associação paranaense dos juízes federais – Apajufe
“A reforma trabalhista cria um contraditório com a reforma da previdência. Enquanto a reforma da trabalhista cria dificuldade de emprego com carteira assinada, vem essa proposta da Previdência que vai inviabilizar 70% das aposentadorias como mostram os estudos técnicos. Esse governo traz retrocesso em cima de retrocesso. Com mobilização de vocês é que vamos ter força para derrotar esses ataques do governo”, Aliel Machado - deputado federal (PV/PR)
“A Anfip não arreda o pe um milímetro daquilo que sempre mostramos todo os anos sobre o rombo da previdência. Nossos dados são confiáveis, o governo é que esta desesperado buscando nos contradizer para criar o mito do déficit. Essa reforma não vem para melhorar a vida dos brasileiros, ela vem para servir apenas o sistema financeiro internacional”, Floriano de Sá - Associação Nacional dos Auditores Fiscais (ANFIP)
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