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O Brasil que tem fome deixou o combate à corrupção para depois

  • 16 de dezembro de 2021

Matéria original/imagem: Yahoo Notícias 

No último domingo, um antigo professor e amigo contou, em sua página de Facebook, que entrou em um bar para comprar cigarros e ouviu o grito de uma mulher.

“Eu tenho fome. Eu quero um prato de comida”.

O tom da voz não era de quem cobra piedade, mas ação. A mulher tinha fome e pressa. Tinha raiva.

Um homem que jantava ali com seu filho pediu para o garçom embalar as sobras de seu petisco e entregar para a mulher, que se afastava. O empregado correu para alcançá-la. Os gritos cessaram.

“Foi assustador”, descreveu.

Cenas assim têm sido recorrentes pelas cidades. Basta sair do supermercado para observar as mãos estendidas para a caridade. Estamos falando de São Paulo, a maior e mais rica cidade do país.

No Rio Grande do Norte, a repórter Renata Moura descreve na Folha de S.Paulo uma dura realidade no semiárido. A estiagem, o desemprego e a falta de apoio governamental tem levado moradores do interior a se alimentar de lagartos para tapear a fome. Um entrevistado contou que já tem um mês que comeu carne pela última vez. Foi quando ajudou a arrancar o couro de uma vaca morta.

Uma estudo da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional mostrou que atualmente 19 milhões de brasileiros (o equivalente à população do Chile, como mostrou uma reportagem da revista piauí) passam fome e que mais da metade da população sofre com algum nível de insegurança alimentar.

O quadro ajuda a ilustrar por que, em uma pesquisa Ipec divulgada em novembro, a fome e a pobreza saltaram para as primeiras preocupações de jovens entre 16 e 34 anos na hora de definir seu voto nas eleições do ano que vem. Outros pontos de destaque na pesquisa são a geração de empregos e a preservação do meio ambiente.

No levantamento, um em cada três entrevistados citou o combate à fome e à pobreza como tarefa primordial do próximo presidente. Outros 16% disseram esperar uma economia forte, com geração de empregos.

A tendência é que o assunto siga na lista de prioridades quanto menos farta for a mesa dos brasileiros.

Nas últimas eleições, o candidato vencedor da corrida presidencial levou a melhor ao pautar os debates em torno da luta contra a corrupção, que só enxergava nos adversários, e da pauta de costumes, como se o grande problema do país fosse a distribuição de um inexistente kit gay nas escolas.

Na falta de problemas reais, que o então favorito da disputa se negava a enfrentar nos debates, parte dos eleitores se deixou pautar por problemas que só existiam na cabeça do futuro líder.

Resultado: a realidade se deteriorou e galgou posições na lista das urgências nacionais. A fome voltou ao mapa e hoje ocupa o centro das preocupações.

Em 2022, quem quiser assumir o desafio de governar o país pelos próximos anos terá de mostrar aos eleitores que tem um plano para enfrentar a situação.

Jair Bolsonaro sabe disso e vai apostar todas as fichas nos programas sociais aprovados a fórceps no Congresso. Na eleição, terá a chance de mostrar como bancar e como transformar políticas como o Auxílio Brasil em programas permanentes. 

A dica, para o eleitor, é observar com lupas a manutenção de sua base de apoio, hoje alimentada pelas emendas de relator, moedas de troca e cooptação de aliados novamente liberadas por ordem de Rosa Weber, do STF.

A falta de critério na distribuição de recursos é um dos muitos nós políticos que hoje resultam na deterioração do quadro social. 

O pagamento das primeiras parcelas do Auxílio Brasil irá testar a manutenção ou não do apoio dos eleitores mais pobres, que recebem até dois salários mínimos, em Luiz Inácio Lula da Silva, favorito de seis em cada dez pessoas do segmento.

O embate em torno da fome e da miséria está desenhado entre os dois candidatos hoje à frente das pesquisas.

Enquanto eles pintam o rosto para a guerra, Sergio Moro, certamente o nome mais promissor para trafegar na (ainda estreita) margem da terceira via, apresenta até aqui um figurino de paladino do combate à corrupção que já não tem o mesmo eco de outros tempos –mais por desencanto do que pela sensação de que este é um problema solucionado.

O discurso anticorrupção encarnado pelo ex-juiz, desacreditado por ter servido a Bolsonaro e pelo teor das mensagens reveladas na Vaza Jato, poderia fazer estrago em 2018. Hoje não provoca arranhão.

O Brasil tem outra urgência. O Brasil tem fome. E ninguém será eleito se não disser o que fazer para botar comida à mesa de quem hoje grita.

 

   
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