Dez centrais sindicais divulgaram nesta segunda-feira, 30, um manifesto contra o presidente Jair Bolsonaro e a favor de uma harmonia entre os Três Poderes. "O próprio presidente se encarrega pessoalmente de gerar confrontos diários, criando um clima de instabilidade e uma imagem de descrédito do Brasil", diz o documento assinado pela Força Sindical, Central Única dos Trabalhadores (CUT), União Geral dos Trabalhadores (UGT) e outras representações trabalhistas.
O texto é um contraponto ao manifesto que é articulado pela Federação de Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e a Febraban, que também prega a pacificação dos Poderes, mas não cita Bolsonaro. "O documento passa pano. Fala para os Três Poderes, como se os Três Poderes estivessem prejudicando o País. Não é verdade, quem está prejudicando o País é Bolsonaro", afirmou o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, conhecido como Juruna, ao Estadão.
O manifesto da Fiesp e Febraban, na realidade, ainda não teve a sua versão final e oficial divulgada até o momento.
O texto feito pelas centrais sindicais afirma que Bolsonaro quer saídas "não constitucionais e golpistas". "Ninguém aguenta mais. Vivemos no limiar de uma grave crise institucional. A aparente inabilidade política instalada no Planalto que acirra a desarmonia entre os Poderes da República, esconde um comportamento que visa justificar saídas não constitucionais e golpistas".
Confira a matéria original: https://cutt.ly/TWhCQta
Leia a íntegra do manifesto (fonte: https://cutt.ly/CWhCUoQ)
Resgatar o Brasil para os brasileiros
O Brasil atravessa um dos momentos mais difíceis de sua história desde a declaração de independência, em 7 de setembro de 1822, há 199 anos. São quase 15 milhões de desempregados, 6 milhões de desalentados, outros 6 milhões de inativos que precisam de um emprego e mais 7 milhões ocupados de forma precária. Inflação alta, carestia e fuga de investimentos. Aumento da fome e da miséria, crescimento da violência, insegurança alimentar e social. Escalada autoritária e uma calamitosa gestão da pandemia do coronavírus. Sem falar nas crises ambiental, energética, entre tantas outras.
Ao invés de agir para resolver os problemas, que são decorrentes ou agravados pelo caos político que se instalou em Brasília na atual gestão, o governo os alimenta e os utiliza para atacar os direitos trabalhistas, precarizando ainda mais o já combalido mercado de trabalho. O próprio presidente se encarrega de pessoalmente gerar confrontos diários, criando um clima de instabilidade e uma imagem de descrédito do Brasil. E ele ainda tem o desplante de culpar as medidas de contenção do vírus pelo fechamento de postos de trabalho, ignorando que a pandemia já matou precocemente quase 600 mil brasileiros!
Ninguém aguenta mais. Vivemos no limiar de uma grave crise institucional. A aparente inabilidade política instalada no Planalto que acirra a desarmonia entre os poderes da República, esconde um comportamento que visa justificar saídas não constitucionais e golpistas. Quem mais sofre com esta situação dramática é o povo trabalhador, cada vez mais empobrecido e excluído, e cada vez mais dependente de programas sociais que, contraditoriamente, encolhem.
O país não pode ficar à mercê das ideias insanas de uma pessoa que já demonstrou total incapacidade política e administrativa e total insensibilidade social. É preciso que o legislativo e o judiciário em todos os níveis, os governadores e prefeitos, tomem à frente de decisões importantes em nome do Estado Democrático de Direito, não apenas para conter os arroubos autoritários do presidente, mas também que disponham sobre questões urgentes como geração de empregos decentes, a necessidade de programas sociais e o enfretamento correto da crise sanitária.
Esse movimento dever ser impulsionado pela sólida união dos trabalhadores e suas entidades representativas, bem como por todas as instituições democráticas, a sociedade civil organizada, enfim, todos os cidadãos e cidadãs que querem redirecionar nosso país para uma trajetória virtuosa em benefício do povo. Para isso precisamos, antes de tudo, lutar contra o desgoverno que ocupa a presidência da República!
Que a Semana da Pátria consagre, pela via da luta firme e decidida de todo povo, um Brasil que quer seguir como uma nação, democrática, plural, terra de direitos, capaz de pavimentar um futuro de liberdade, soberania, justiça social e cidadania para todos!
#ForaBolsonaro
São Paulo, 30 de agosto de 2021
Sérgio Nobre, Presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores)
Miguel Torres, Presidente da Força Sindical
Ricardo Patah, Presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores)
Adilson Araújo, Presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)
José Reginaldo Inácio, Presidente da NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores)
Antonio Neto, Presidente da CSB, (Central dos Sindicatos Brasileiros)
Atnágoras Lopes, Secretário Executivo Nacional da CSPConlutas
Edson Carneiro Índio, Secretário-geral da Intersindical (Central da Classe Trabalhadora)
José Gozze, Presidente da Pública, Central do Servidor
Emanuel Melato, Intersindical instrumento de Luta
Agroindústria
Após a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) anunciar que suspenderia um manifesto em prol do Estado Democrático de Direito, sete entidades da agroindústria brasileira também publicaram um manifesto com o mesmo objeto - porém desta vez mais direto e claro. "As amplas cadeias produtivas e setores econômicos que representamos precisam de estabilidade, de segurança jurídica, de harmonia, enfim, para poder trabalhar", indica a nota do agro.
O texto diz que o Brasil, como uma das maiores economias do planeta, não se pode apresentar ao mundo como uma sociedade permanentemente tensionada em crises intermináveis ou em risco de retrocessos e rupturas institucionais. Em nenhum momento se cita o nome do presidente da República, Jair Bolsonaro, ou de qualquer um dos poderes, mas o recado é claro:
"O Brasil é maior e melhor que a imagem que temos projetado ao mundo", dizem os autores, antes de advertirem: "Isto está nos custando caro e levará tempo para reverter."
Assinam a nota a Abag (Associação Brasileira do Agronegócio); Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais); Abisolo (Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal); Abrapalma (Associação Brasileira de Produtores de Óleo de Palma); CropLife Brasil; Ibá (Indústria Brasileira de Árvores) e o Sindiveg (Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal).
Ao contrário do agro, a Fiesp deixou em suspenso a publicação de um manifesto pedindo harmonia entre os poderes, a pedido do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). O apoio da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) a esta manifestação irritou a ala econômica do governo - que ensaiou retirar a Caixa Econômica e o Banco do Brasil da organização.
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