Com o isolamento social, muitos brasileiros experimentaram as demissões. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a taxa de desemprego atingiu 14% (cerca de 13,5 milhões de pessoas em ocupação), um recorde histórico. Quem se safou do corte de pessoal, se deparou com outro problema: o excesso de trabalho.
A fisiologista Débora Garcia explica que, mesmo em um cenário de teletrabalho, a carga maior de demandas por redução de equipe, assim como o medo de ser demitido em um contexto de caos na saúde e a culpa por não conseguir produzir com o mesmo afinco que nos escritório, auxiliam na exaustão e na relação tóxica com o trabalho.
“Antes de qualquer coisa o indivíduo deve tentar raciocinar o novo contexto trabalhista de forma realista, sabendo separar o que são de fatos cobranças ocupacionais e o que são exigências internas geradas pelo medo e outros sentimentos negativos”, aponta.
Além disso, duas palavras se tornam poderosas nessa batalha: planejamento e organização. Segundo a fisiologista, essa exercícios de visualização de demandas auxiliam não apenas na execução, como também no controle da agenda, para evitar que ela prejudicar a saúde: “O fato de não estar na rotina do trabalho presencial, altera momentos importante como a hora de comer, a hora de chegar e a hora de ir embora”, pontua.
Sobre o tempo de alimentação, Débora Garcia recomenda que a pessoa não pule as refeições nem a faça em frente ao computador. O momento da alimentação é fundamental que a pessoa tenha a serenidade para desfrutar da comida.
“Ao contrário do que muitas pessoas pensam, almoçar ‘correndo’ não vai ajudar a ganhar tempo para trabalhar e isso é prejudicial tanto para a produtividade, além de causar mais cansaço e reduzir a energia necessária para a atividade. Inclusive até a própria saciedade do indivíduo é afetada com isso”, completa.
Inimigos da produtividade e da saúde
Outra questão abordada pela especialista é sobre as interrupções para descanso durante a jornada de trabalho: “As noções entre público e privado se alteram nesse cenário. Por isso, definir intervalos são fundamentais, pois eles podem aumentar a produtividade. Além de saber a hora de fechar o computador”, explica. “Assim, a pessoa pode ter estas pausas sem preocupação, e não precisará carregar um sentimento de culpa de que não está fazendo seu trabalho bem feito”, ressalta Débora.
Débora Garcia acredita ainda que quantidade de agentes que podem provocar distrações, como atender às demandas de outros moradores do mesmo ambiente, um filho pequeno e tarefas domésticas impactam no cumprimento de demandas. “Imagine a situação em que você está fazendo uma atividade importante e precisa usar o raciocínio para executá-la. Existem pesquisas científicas comprovando que toda vez que a pessoa se distrai, ela levará um tempo considerável para voltar a se concentrar no que estava fazendo”, comenta.
O ambiente caseiro pode trazer também inspirações e abrir espaços para a produtividade ser ainda maior: “Em casa a pessoa pode pegar o celular e assistir a um vídeo engraçado, por exemplo. Assim, seguindo uma pesquisa científica, é comprovado que uma pessoa ao assistir a algo de humor recebe em seu cérebro uma carga maior de criatividade e conseguiram resolver os problemas que lhe foram dados.”
Além disso, ela reforça que a quantidade de horas trabalhadas não tem relação direta com o tanto de tarefas feitas ao longo do dia: “É preciso tirar um pouco daquela crença que ser produtivo é trabalhar infinitas horas. A palavra produtividade deveria ser traduzida em você fazer as coisas da melhor maneira e sem ter que tanto desgaste para cumprir o que é necessário”, finaliza.
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