Ministro da Economia diz que renunciará se Previdência virar ‘reforminha’
Não é a primeira vez que a equipe econômica do atual governo demonstra dificuldades para articulação das pautas que ela considera essencial para a economia do nosso país. Depois da crise com o Congresso Nacional e com as alfinetadas com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, agora Paulo Guedes volta a falar em deixar o cargo de Ministro da Economia.
A declaração veio acerca da polêmica envolvendo a Reforma da Previdência, que trará impactos danosos para todos os brasileiros. Guedes alega que se houverem mudanças muito radicais na Reforma proposta por ele – que servem para combater as injustiças da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/2019 –, então se tornando uma ‘reforminha’, ele pegará o avião e morará fora do país.
“Se só eu quero a reforma, vou embora para casa”, disse Paulo Guedes em entrevista à Veja. O ministro só demonstra a dificuldade que encontra para articular e negociar com os deputados federais, principalmente quando foge dos debates e se recusa a prestar informações, previsões do custo de transição, acerca da Reforma da Previdência.
Em março, Guedes já havia insinuado a possibilidade de deixar o cargo durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). "Eu venho para ajudar. Se o presidente não quer, se o Congresso não quer... Vocês acham que vou brigar para ficar aqui?”, questionou na ocasião, quando perguntado se ele permaneceria no cargo caso a PEC 6/2019 não fosse aprovada.
As prioridades escolhidas para esse início de governo nos fazem questionar quais são as reais intenções acerca da PEC 6/2019, sem ao menos cogitar que existem outras soluções para o problema fiscal do país, como seria uma Reforma Tributária. A atitude de condicionar o seu cargo a aprovação de uma única PEC, abre margem para a grande questão: quem está por trás dessa proposta?
A escolha de um regime de capitalização com grandes riscos de piorar a situação do Brasil, já que falhou em 60% dos países que optaram pela mudança, nos mostra que, já que cada trabalhador terá que criar um fundo privado para a Previdência, só existe um público beneficiado: os banqueiros. Paulo Guedes foi nomeado para isso? Se ele não conseguir, vai simplesmente embora?
Qual o nível de preocupação com a nossa nação? Pequeno a ponto de deixar o compromisso firmado pelo caminho com menos de um ano de cargo? Temos a consciência de que o Brasil precisa melhorar em muitos aspectos e que isso exige coragem. Mas precisamos de gestores públicos com pulso firme para aceitar que nem sempre as suas propostas são as melhores e que o maior compromisso é o de buscar as melhores condições para o país.
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