O presidente Jair Bolsonaro desmentiu o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, e disse que não conversou com o auxiliar na última terça-feira (12). Como sinal de que não havia crise entre ele e o presidente, Bebianno declarou, em entrevista ao Globo, que tinha conversado três vezes com Bolsonaro na véspera.
Em entrevista concedida à Record TV antes ainda de receber alta no Hospital Albert Einstein, o presidente disse que demitirá o ministro se for comprovado que ele participou de um esquema de candidatura laranja do PSL na eleição. "Se estiver envolvido, logicamente, e responsabilizado, lamentavelmente o destino não pode ser outro a não ser voltar às suas origens. Em nenhum momento conversei com ele", afirmou. Bolsonaro contou que determinou à Polícia Federal que apure as denúncias.
Ainda ontem o vereador Carlos Bolsonaro (PSC), filho do presidente, divulgou áudio em que o pai despacha rapidamente Bebianno pelo telefone. "Ô, Gustavo, está complicado eu conversar ainda. Então, não vou falar, não vou falar com ninguém, a não ser estritamente o essencial. Estou em fase final de exames para possível baixa hoje, tá ok? Boa sorte aí", disse Bolsonaro a Bebianno. Antes de publicar o áudio, Carlos foi ao Twitter chamar o ministro de mentiroso. A mensagem com o áudio foi republicada por Jair Bolsonaro. O filho do presidente e o ministro são desafetos desde a campanha eleitoral.
Na entrevista, o presidente negou que soubesse sobre o esquema de candidatura laranja no PSL e disse que estava em “convalescença” na reta final da campanha eleitoral devido à facada que levou na barriga em Juiz de Fora (MG).
“E mesmo que não estivesse, não tenho como acompanhar tudo isso aí. Agora, já determinei à Polícia Federal que abra inquérito e investigue esse caso”, afirmou. “Não são todos [do partido], é uma minoria do partido que está aí nesse tipo de operação que nós não podemos concordar”, acrescentou.
Bebianno disse à GloboNews que não pretende pedir demissão porque não fez nada de errado. “Não tenho intenção de me demitir. Não fiz nada de errado, meu trabalho continua sendo em benefício do Brasil. O presidente, se entender que eu não devo mais continuar, ele certamente vai comunicar. Da minha parte, tudo foi feito com honestidade e correção, então vou esperar para ver o que acontece”, declarou.
Advogado do presidente, Bebianno assumiu a presidência nacional do PSL durante a campanha eleitoral por ser considerado homem de confiança de Bolsonaro. Ao deixar o comando do partido, após a eleição, ganhou a Secretaria-Geral da Presidência, considerada uma pasta importante no governo.
Segundo reportagem publicada no último domingo (10) pela Folha de S.Paulo, Bebianno liberou R$ 400 mil de dinheiro público, do fundo partidário, para uma candidata "laranja" de Pernambuco, que concorreu a uma vaga de deputada federal. Ela teve apenas 274 votos.
De acordo com a Folha, Maria de Lourdes Paixão recebeu o terceiro maior montante entre os candidatos do PSL – mais do que o próprio Bolsonaro e a deputada Joice Hasselmann (SP), eleita com mais de 1 milhão de votos.
Também na entrevista à Record o presidente confirmou que vai dar a palavra final sobre a proposta do governo para a reforma da Previdência nesta quinta-feira. Segundo ele, o ponto de maior discussão é a idade mínima para a aposentadoria de homens e mulheres.
Bolsonaro recebeu alta ontem depois de ter ficado duas semanas internado no Albert Einstein, em decorrência de uma cirurgia para retirada da bolsa de colostomia e reconstituição do intestino, atingido no atentado de 6 de setembro. Na semana passada ele foi diagnosticado com pneumonia, o que prolongou sua permanência no hospital.
Fonte: Congresso em Foco
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