Falta de fiscalização e problemas no licenciamento ambiental são os dois principais aspectos citados por especialistas como potencializadores de risco para o rompimento das barragens da Vale, em Brumadinho, na Grande BH.
O Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) divulgou nota informando que, desde 2015, registrou “inúmeras denúncias” sobre o risco de rompimento das barragens do Complexo Mina Córrego do Feijão.
As causas da tragédia ainda serão investigadas. Uma das hipótese para o desastre é a sobrecarga de rejeitos, dizem especialistas.
Professor de Engenharia de Minas da UFMG, Evandro Morais da Gama participou de uma reunião na Cidade Administrativa no início da noite com o Secretário Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Germano Vieira. “É uma causa que nos leva a pensar ações de diminuição dos níveis de rejeitos nas barragens no Estado. Acredito que se a barragem estivesse operando com quantidade menor de rejeitos, a tragédia não teria ocorrido”.
Integrante do Departamento de Engenharia Hidráulica da UFMG, o professor Carlos Barreira Martinez afirma que a sobrecarga na barragem é fruto de irregularidades na inspeção. “Se realmente a causa foi excesso de rejeitos, houve falha de fiscalização”, garantiu.
“Isso não foi acidente. Foi uma tragédia anunciada. Acidente é uma situação fora da curva. Os riscos de barragens são previsíveis, principalmente após Mariana em 2015” (Marcus Vinícius Polignano)
Inspeção
Procurada, a Semad informou que o último licenciamento ambiental para a barragem foi aprovado em dezembro de 2018, na gestão anterior, pelo Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam).
A pasta ainda esclareceu que a avaliação para garantir a segurança é de responsabilidade da Agência Nacional de Mineração (ANM). O órgão foi procurado e disse que a estrutura rompida estava regular.
Quantidade excessiva de resíduos de mineração pode ter provocado rompimento de barragem, dizem especialistas
Ainda segundo a agência, em termos de segurança operacional, “está classificada na Categoria de Risco Baixo e de Dano Potencial Associado Alto (em função de perdas de vidas humanas e dos impactos econômicos sociais e ambientais)”.
Professor do Departamento de Geologia da UFMG, Klemens Laschefski acredita que é necessário mais rigor em fiscalização. “É preciso iniciar uma revisão profunda do licenciamento ambiental. Um estudo técnico da mineração. Essa sequência de casos graves representam uma negligência criminosa”, criticou.
Fonte: Hoje em Dia
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