A perspectiva de crescente insegurança jurídica no país, exemplificada pela recente cassação do deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), despertou a reação de entidades da sociedade civil, como o Ranking dos Políticos, que foi criado há 10 anos para monitorar o comportamento dos congressistas em votações e projetos legislativos. Juan Carlos Gonçalves, diretor-geral da ONG Ranking, acredita que arbitrariedades praticadas por poderosos representam potencial ameaça a todos os representantes eleitos democraticamente, e pode, inclusive, afetar a economia.
A decisão de apoiar as manifestações de rua contra a escalada de abusos surge a partir das convicções centrais do Ranking, que incluem o combate a toda forma de corrupção, a oposição ao desperdício de recursos públicos e a busca por melhorias do país. Como porta-voz dos movimentos Fora Corruptos, Grita, Olho no Congresso Brasil, Vem Pra Rua, Curitiba Contra Corrupção, Mude, além do próprio Ranking, Gonçalves participou da convocação de protestos nacionais para 4 de junho. O chamamento para os atos foi feito por Dallagnol, em conjunto com outros parlamentares de oposição e as entidades citadas, em 24 de maio, na Câmara dos Deputados.
O cientista político afirmou na ocasião que “envolvidos em corrupção ocupam cargos de poder, enquanto os que lutaram contra a corrupção estão sendo cassados e perseguidos”. Nesta entrevista à Gazeta do Povo, ele destaca a importância de defender o voto popular e a institucionalidade, e lamenta a postura contrária à conciliação do país exercida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A seguir, confira a entrevista.
O que levou uma entidade da sociedade civil dedicada a monitorar a performance dos parlamentares federais, dentre de alguns critérios, a ir também para as ruas em protesto contra abusos de poderosos?
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