Manifestantes voltam a invadir a Assembleia, polícia reage e deputados – que chegaram de camburão – desistem de votação
Em meio a um novo confronto entre manifestantes e o batalhão de choque da polícia dentro da Assembleia Legislativa, o governo do Estado recuou e retirou de pauta, na quarta-feira (12), o pacote de corte de gastos. A decisão foi tomada depois que servidores e manifestantes contrários aos projetos voltaram a invadir a Casa para impedir a votação dos projetos, entrando em choque com a polícia, que chegou a jogar bombas de efeito moral e a reagir com tiros de bala de borracha para dispersar a multidão.
Com o plenário ocupado desde a terça-feira, os deputados chegaram à Assembleia em um camburão blindado da PM por volta das 14h30. E iniciaram a sessão em seguida, novamente no refeitório da Casa, no quinto andar do prédio administrativo. Os manifestantes então derrubaram os portões e invadiram o pátio, entrando em confronto direto com os policiais militares que formavam cordões de isolamento em torno do edifício. Nesse momento, os PMs começaram a jogar gás de pimenta, e bombas de gás lacrimogêneo sobre a multidão – que se dispersava e se reagrupava em seguida – cada vez mais numerosa.
Até então, os parlamentares da base do governo ainda insistiam em continuar com a sessão, depois de chegaram à Casa escoltados por um forte aparato policial – comandado pessoalmente pelo secretário da Segurança, Fernando Francischini - e entraram no Legislativo pelos fundos, já que desde o início da tarde, os servidores formavam um cordão em volta da Assembleia para impedir a votação. Para que os deputados entrassem, uma grade do Legislativo foi serrada, já que o portão dos fundos também estava bloqueado por manifestantes.
Quando o som das bombas explodindo e o cheiro de gás começou a chegar ao quarto andar do edifício, porém, os parlamentares se desesperaram temendo pela própria segurança, já que do local, caso houvesse uma invasão, não haveria como fugir. Nesse instante, deputados de oposição correram ao restaurante para pedir a suspensão imediata da sessão, o que acabou ocorrendo com a concordância do líder do governo, deputado Luiz Cláudio Romanelli (PMDB). “Tudo tem limite”, admitiu o peemedebista. Logo em seguida, parlamentares oposicionistas desceram ao térreo para comunicar a decisão e impedir que o confronto continuasse e a invasão ocorresse – com consequências imprevisíveis.
“Só o começo”
Apesar de recuarem da tentativa de invasão, os manifestantes não arredavam pé, exigindo a retirada dos projetos, enquanto os deputados continuavam encurralados no prédio, sem ter como sair. Somente depois que o governo – através da Chefia da Casa Civil - comunicou oficialmente a decisão de retirar as propostas de pauta, e a informação foi repassada pelos deputados de oposição, a multidão concordou em se dispersar e deixar o pátio da Assembleia. “O Governo do Estado solicitou hoje (12) à Assembleia Legislativa do Paraná a restituição das mensagens alusivas ao projeto de lei nº 60/2015 e ao projeto de lei complementar nº 06/2015 para reexame das matérias e, em função dos lamentáveis acontecimentos que culminaram com a invasão dos prédios do Poder Legislativo, para preservar a segurança e a integridade física de deputados e servidores públicos”, informava o documento.
Nesse momento, os manifestantes comemoraram sob gritos de “vitória” e “é só o começo”. Os líderes do movimento também pediram, então, que os manifestantes que ocupavam o plenário da Casa desde a terça-feira esvaziassem o local, após uma limpeza.
O presidente da Assembleia, deputado Ademar Traiano (PSDB), criticou o movimento, alegando que pessoas “infiltradas” entre os professores por interesse político partidário teriam insuflado o confronto. “Nós temos aí insufladores, líderes políticos que representam partidos de outras áreas que acabam se infiltrando no movimento. Eu como presidente tenho a obrigação de proceder a votação”, disse o tucano, que desabafou. “É um dos piores momentos que a Assembleia está vivendo”, admitiu.
Além da retirada dos projetos, o líder do governo afirmou que não vai mais pedir a transformação do plenário em comissão geral. Com isso, eles terão que ser discutidos pelas comissões permanentes da Casa, depois do Carnaval, a partir do próximo dia 23, sem prazo para votação final.
Comissão geral
Pela manhã, o desembargador Luis Espíndola, do Tribunal de Justiça, havia rejeitado mandado de segurança da bancada de oposição contra a votação dos projetos em comissão geral – que permite a aceleração do processo. Com isso, a sessão foi mantida, mesmo com o bloqueio dos manifestantes à Assembleia. A direção da Casa chegou a cogitar que a votação acontecesse em outros locais – como o Canal da Música, o plenário do Tribunal de Contas, ou um centro de convenções – mas acabou decidindo manter a reunião no restaurante da Casa.
fonte: Bem Paraná
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