A expressão "inteligência artificial" (IA) foi cunhada há quase 70 anos, tendo permanecido confinada ao âmbito da pesquisa por aproximadamente cinco décadas. Contudo, recentemente, com os avanços da computação em nuvem e a diminuição dos custos de processamento, uma revolução tem se desenrolado.
Inicialmente, esta revolução era menos perceptível para o público em geral. Apesar de experimentar o impacto dos algoritmos em áreas como buscas na internet, recomendações de produtos em plataformas de e-commerce e sugestões de filmes, a conexão entre o aprimoramento dessas experiências e o emprego da IA era tênue. Isso começou a mudar com o lançamento do ChatGPT pela OpenAI, que revelou o potencial dessa tecnologia, disponibilizando seus modelos para que outras empresas pudessem integrá-los em seus negócios através de APIs.
Este despertar generalizado para o potencial da IA gerou um entusiasmo sem precedentes. Há uma crescente discussão sobre o impacto da tecnologia no mercado de trabalho, na transformação de várias indústrias e até mesmo na forma como a sociedade se organiza.
No entanto, ao vislumbrar como o mercado de investimentos se adaptará e evoluirá com a adoção dessa ferramenta, é necessário focar naquilo que provavelmente não mudará. Este mercado lida com um elemento fundamentalmente sensível para os seres humanos: o futuro. Nossos sonhos e planos estão ancorados no futuro, gerando temores e ambições que a chegada da IA não alterará.
Nesse cenário, a confiança e o relacionamento permanecem sendo extremamente relevantes para a realização de negócios e decisões que impactam o futuro. O toque humano ainda é imprescindível, garantindo a relevância do assessor e consultor, pelo menos por agora. Paralelamente, a habilidade da tecnologia em auxiliar esses profissionais na tomada de decisões, criar experiências cada vez mais personalizadas para os clientes e escalonar esse processo é inédita.
Agora, olhando para o futuro, a IA tem o potencial de transformar o mercado de investimentos de maneira nunca antes imaginada. Uma previsão realista não é a de substituição dos assessores e consultores de investimento, mas sim a de um futuro onde a IA e os humanos trabalhem de mãos dadas. A IA pode servir como uma ferramenta poderosa para melhorar a eficiência, permitindo que assessores e consultores humanos gerem insights mais aprofundados e tomem decisões mais informadas. Além disso, a IA pode desempenhar um papel crucial na democratização do acesso a assessores e consultoria de investimentos, oferecendo recomendações personalizadas e de alta qualidade a um custo mais baixo.
Em suma, a perspectiva é de que a IA, ao invés de substituir assessores e consultores de investimento, se torne um parceiro valioso, impulsionando o setor a novos patamares de eficiência e personalização. Portanto, a questão não é se a IA será o fim do assessor ou consultor, mas como esses profissionais utilizarão a IA para potencializar sua eficácia e aumentar seu alcance. O futuro do mercado de investimentos é promissor, com a IA assumindo um papel central, mas colaborativo, ao lado dos seres humanos.
Guilherme Assis é cofundador e CEO do Gorila
Fonte: Valor Investe
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