BRASÍLIA - O governo processará uma entidade de classe que nega o rombo na Previdência em propaganda na TV. A Advocacia-Geral da União questionará um grupo que defende que se o governo combatesse a corrupção, já economizaria mais do que pretende com a reforma previdenciária. A campanha é do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate), que representa mais de 20 categorias, como delegados da Polícia Federal, peritos criminais e auditores da Receita.
"Com a reforma da Previdência, o governo espera economizar R$ 740 bilhões em dez anos, uma média de R$ 74 bilhões por ano. Se adotar medidas firmes contra a corrupção, investir no combate à sonegação e deixar de retirar 30% das receitas da seguridade, o governo terá sete vezes o valor que pretende economizar no mesmo período, sem mexer em nenhum dos nossos direitos", diz a apresentadora da peça, mostrando gráficos.
— Vamos processar a propaganda que diz que não tem déficit. Estão cometendo um crime e vão pagar — diz um interlocutor do presidente Michel Temer.
Por vezes, a publicidade da Fonacate é exibida na televisão imediatamente após campanha do governo defendendo a mudança nas aposentadorias e pensões. A propaganda da entidade lembra a da gestão de Michel Temer: tem cerca de 30 segundos, uma apresentadora de cabelo curto e mensagens sobre um fundo azul. Para a entidade, a reforma "não é a solução", e "sem enfrentar as causas reais, não haverá amanhã".
Depois que a proposta original de reforma da Previdência sofreu grandes alterações e passou pela comissão especial que trata do tema na Câmara, nesta semana, o Palácio do Planalto subiu o tom das propagandas. Agora, o mote é que é preciso "salvar" o sistema previdenciário. O primeiro vídeo trouxe uma pessoa com deficiência defendendo a revisão das aposentadorias. Os próximos mostrarão um agricultor rural e um idoso negro fazendo o mesmo. O governo tem usado recuos como trunfo. "Trabalhador rural, ouvimos suas solicitações e alteramos a reforma da Previdência", diz uma das peças.
PLANALTO JÁ TEVE CAMPANHA SUSPENSA
Em março, o governo teve a propaganda da reforma da Previdência suspensa, por conta de uma liminar da 1ª Vara Federal de Porto Alegre. A juíza Marciane Bonzanini escreveu que a campanha pública promovia "um projeto de reforma ligado a programa do partido político que ocupa o poder no Executivo federal". No mês seguinte, a publicidade foi liberada, quando a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, derrubou a liminar.
Matéria de
Eduardo Barretto, Leticia Fernandes e Geralda Doca - O Globo
Assista à propaganda aqui: https://www.youtube.com/watch?v=qpqjAiR7YYc&feature=youtu.be
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