Ministros do TCU indicam rejeição unânime das contas de Dilma
Ministros do TCU indicam rejeição unânime das contas de Dilma
08 de outubro de 2015
Ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) vêm manifestando, em conversas reservadas, a intenção de votar de forma unânime a favor da proposta do ministro Augusto Nardes, no julgamento das contas de 2014 da presidente Dilma Rousseff. A sessão está marcada para quarta-feira (6), a partir das 17 horas. O parecer prévio de Nardes, relator do processo, é pela rejeição das contas.
A ideia de voto conjunto com o Augusto Nardes existia antes de o governo pedir o afastamento do relator, por meio de uma arguição de suspeição protocolada nesta segunda-feira (5) no TCU pela Advocacia Geral da União (AGU). O governo argumenta que Nardes foi parcial na relatoria e antecipou seu voto e sua posição pela rejeição das contas, o que infringiria a Lei Orgânica da Magistratura -- ministros do TCU se equiparam a ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A iniciativa acirrou os ânimos no tribunal, segundo ministros, e reforçou a tendência à unanimidade.Para que o plenário valide esse parecer, são necessários pelo menos cinco dos nove votos levados em conta no julgamento. Essa tendência à unanimidade foi expressa por seis ministros. A posição dos outros três ainda é desconhecida dentro do órgão.
Antes da votação das contas, a sessão extraordinária vai analisar o pedido de suspeição de Nardes. As chances de os ministros concordarem com o afastamento do relator são consideradas remotas no tribunal. Decidida a questão da arguição, começaria a votação.
Pelo menos um ministro, Bruno Dantas, foi a favor do adiamento do julgamento, para depois da análise da suspeição. Ele chegou a fazer a proposta, com base no Código de Processo Civil, numa reunião entre ministros. Foi voto vencido e a data do julgamento acabou mantida.
A leitura do voto de Nardes deve ser rápida. A duração deve ser de 15 a 20 minutos. Ministros esperam que o julgamento não se arraste por muito tempo. O advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, deve fazer uma sustentação oral. Em sua fala, o relator vai destacar os montantes envolvidos nas “pedaladas” fiscais - R$ 40 bilhões entre 2009 e 2014 - e nas liberações de créditos orçamentários sem autorização do Congresso Nacional.
Oposição
Os principais líderes da oposição ao governo Dilma se reuniram à tarde com o presidente do TCU,Aroldo Cedraz. Estavam presentes os senadoresAécio Neves (PSDB-MG), Cássio Cunha Lima(PSDB-PB), Ronaldo Caiado (DEM-GO), Agripino Maia (DEM-RN), Alvaro Dias (PSDB-PR) eEduardo Amorim (PSC-SE); e os deputados federais Rubens Bueno (PPS-PR), Paulinho da Força (SD-SP), Mendonça Filho (DEM-PE),Roberto Freire (PPS-SP), Carlos Sampaio (PSDB-SP) e Arthur Maia (SD-BA).
A ideia da visita, segundo os parlamentares, foi dar apoio institucional ao TCU, e não influenciar a pauta ou o resultado do julgamento das contas da presidente. Mais cedo, Sampaio, líder do PSDB na Câmara, e Mendonça, líder do DEM, estiveram com o ministro relator. O governo acusa Nardes de agir politicamente no julgamento.
“A visita foi em defesa do TCU, criticado de forma vil e grosseira pelo governo. Está havendo intimidação a uma corte. Essa é a mais triste página na história da AGU. O advogado-geral da União deve aconselhar a legalidade à presidente, mas ele defende a ilegalidade. Viemos garantir que a existência do TCU se justifique. A presidente tem de dar exemplo. Se ilegalidades foram cometidas, ela tem de responder por isso”, disse Aécio após o encontro com o presidente do tribunal.
“Não viemos pedir nada, mas trazer o apoio institucional ao TCU. Trouxemos um desagravo à instituição e aos ministros”, afirmou Cássio.
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