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Planos de previdência de servidores públicos podem perder R$ 60 mi na Infinity

  • 09 de junho de 2023
Entre os investidores nos problemáticos fundos da gestora Infinity Asset Management estão 14 institutos de previdência pública de Estados e municípios — conhecidos pela sigla RPPS (de regimes próprios de previdência social) — que correm o risco de perder cerca de R$ 60 milhões do patrimônio de participantes dos planos que administram. Os dados foram reunidos pela consultoria Inside Pensions, que possui um sistema especializado em monitorar as carteiras das entidades do setor.
 
Agora, junto com cerca de 30 cooperativas de planos de saúde da Unimed, que investiram R$ 165 milhões, e aproximadamente 6 mil pessoas físicas, que compraram as cotas dos fundos da gestora por meios das plataformas de investimento, o grupo de cotistas precisa decidir o que fazer com os recursos que estão bloqueados desde fevereiro, quando as carteiras foram fechadas para resgates. No total, o prejuízo pode ultrapassar R$ 500 milhões.
 
A previsão era que os fundos seriam reabertos em 17 de maio, depois de um plano de ação elaborado pela Vanquish Asset Management, que assumiu a gestão das carteiras em abril. Formada por antigos profissionais da Infinity, a proposta da Vanquish previa a liberação dos recursos dos investidores após um período de carência de 75 dias para liquidar as posições ilíquidas do fundo, especialmente um derivativo chamado de “box PU” pela gestora original.
 
Na data da liquidação, uma contraparte desconhecida pelos investidores não honrou a obrigação e os fundos foram fechados novamente para resgates. A RJI Corretora, administradora das carteiras, marcou uma provisão de 100% referente às estratégias com opções flexíveis, trazendo perda de até 85% para os cotistas. Agora, gestoras especializadas em recuperação de fundos em “default” manifestam interesse em assumir a gestão visando a liquidação dos ativos. Como a baixa foi total, qualquer dinheiro recebido traz remuneração gorda por performance. As propostas vão ser avaliadas em assembleia marcada para quarta-feira (7).
 
Uma delas é a da Veritas Capital Management, asset que descreve reunir R$ 4,2 bilhões e que, entre outras estratégias, atua na recuperação de recursos para federações, fundos de pensão e RPPS. Desde 2017, contabiliza R$ 908,9 milhões em valores recuperados. Foi uma das prestadoras de serviços para o Postalis, o fundo de pensão dos funcionários dos Correios, que amargaram prejuízos com operações malsucedidas.
 
“O propósito da entrada seria a avaliação dos eventuais problemas, colocar o enquadramento regulatório adequado para buscar a possibilidade de recuperação dos ativos e estabelecer um plano de ação possível de executar e que dê toda transparência para o cotista”, diz Rodrigo Moratelli, sócio-fundador da Veritas. “Essa é uma das nossas atividades, a gestora foi a que mais recuperou ativos em mercados em default.” Pela proposta, a taxa de gestão seria de 0,5% do patrimônio, com performance de 8% do valor recuperado de um a 36 meses; de 7% entre 37 e 72 meses, e de 6% a partir do 73 mês.
 
A outra é a Arena Capital, casa que existe há uma década e no ranking da Anbima aparece com R$ 5,4 milhões, e que tem feito recuperação de créditos em RPPS problemáticos. No total, representantes da asset dizem administrar cerca de R$ 1,5 bilhão. A gestora também propõe cobrar 0,5%, com uma remuneração mensal mínima de R$ 4 mil, e uma taxa de sucesso de 8% sobre o valor recuperado de cada ativo.
 
Segundo Rachel Szclo, diretora de compliance e risco, a Arena identificou um nicho que estava “largado” nos fundos que ficam ilíquidos por algum tipo de problema. “A gente percebeu que têm cotistas grandes, com valores altíssimos, que não querem falar em dois, três anos, querem correr atrás hoje”, diz. Se a troca de gestão for aprovada, ela diz que a proposta “é firme”, não estaria sujeita a certas condições, nem tampouco a uma mudança de administrador. Na bagagem, a executiva diz que a gestora tem atuado na recuperação de ativos de um fundo ligado à rede de restaurantes Porcão, que entrou em falência.
 
Mauricio Pedrosa, gestor da Arena, diz que a estratégia de sintetizar uma taxa de juros com quatro pontas de opções, como parece ser o caso dos fundos vindos da Infinity, como o Vanquish Pipa — novo nome do Select —, seria justificável se fosse uma parcela pequena da carteira, para não ter descasamento de ativos e passivos. “Um sintoma ruim de que pode ter ocorrido algo é a relevância da operação no fundo, com 89%, além de indicações de que a contraparte pode se confundir com quem toca o fundo lá em cima.”
 
O gestor acrescenta que o fato de ser uma estrutura de balcão [negociada entre as partes e fora do ambiente de bolsa], sem garantia, agrava o problema do cotista. “Quando tem uma operação de crédito, tem que proteger a carteira desse risco.” Ou seja, teria que haver uma linha para cobrir o descasamento de prazos.
 
No encontro de quarta-feira, a Vanquish pretende detalhar o plano de ação para reaver o dinheiro dos investidores. A proposta inclui o adiamento do prazo de pagamento por nove meses e a contratação de uma operação internacional de SBLC (“Stand by letter of credit”), que terá seu envio efetuado pelo banco emissor, com registro junto ao Banco Central por meio de um registro declaratório de operações financeiras.
 
A RJI alertou que o plano traz “a necessidade de informações adicionais, tais como banco emissor, condições gerais, compatibilidade com o valor da transação”. Em resposta, a Vanquish escreveu que a validade de uma SBLC independe do país de origem do banco emissor da garantia, não sendo necessário que fosse emitida por banco com sede no Brasil. “Esse instrumento é largamente utilizado no mercado internacional e é regulado por disposições da Câmara de Comércio Internacional, utilizando sistema de mensageria (Swift) entre o banco emissor e o banco indicado pelo beneficiário da garantia (que nesse caso é o devedor das operações inadimplidas).”
 
As operações com derivativos vinham sendo encaradas com ressalva nos pareceres dos auditores dos fundos da Infinity desde 2020 ao menos. E foram objeto de investigação na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que rejeitou em janeiro de 2021 termo de compromisso proposto por administradores da gestora. Há um processo sancionador previsto para ser julgado no dia 20.
 
Renan Calamia, diretor da Crédito & Mercado, consultoria especializada em RPPS, diz atender uma dezena de clientes que ainda têm recursos nos fundos herdados da Infinity. Ele afirma não recomendar as carteiras em avaliações sob demanda desde que fecharam para resgates em meados de 2019, quando estavam sob administração da BRB DTVM.

Fonte: Valor Investe
   
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