Na quinta-feira passada (05), foi lançada uma campanha contra a Reforma Administrativa, batizada de "Movimento a serviço do Brasil", a qual reuniu 26 entidades ligadas aos servidores públicos em todos os estados do país, com representação nas esferas Municipal, Estadual e Federal. Essa iniciativa, que representa mais de 400 mil servidores, é reflexo da importância da mobilização e da organização sindical para que se possa combater com eficácia as ameaças de retrocesso e desmonte trazidas com a PEC 32/20 e que não param por aí.
Tratados como bode expiatório dos problemas estruturais da administração do Estado há décadas, o servidorismo público como alvo de ataques não é novidade pra ninguém e hoje, endossada pelo governo federal, a ideologia do Estado Mínimo tem tomado força em diversos setores da sociedade tornando as agressões mais concretas do que nunca.
O sucesso desse antagonismo inventado, funcionários públicos vs. sociedade, gera um afastamento entre nós que é confortável para os governos, que através de propostas que prejudicam diretamente os primeiros, prejudicam imediatamente depois os segundos: não combatem o problema real, mantém favores e privilégios políticos e se baseiam no desmonte de serviços essenciais, tudo isso estrategicamente deslocando a atenção popular de outras medidas que aprovam em causa própria por baixo dos panos, as quais seriam hegemonicamente impopulares se de amplo conhecimento. Dessa maneira se safam da responsabilidade sem perder a credibilidade, qualquer piora, prevista, do quadro é imediatamente somada à conta dos servidores.
Muito disso se deve à desinformação acerca de quem são os reais inimigos comuns do povo e ao desconhecimento do histórico da política brasileira, que já protagonizou diversos desmontes do aparato público, vendendo ideais liberais de eficiência e produtividade através da privatização, terceirização e enxugamento dos gastos públicos, mas gerando, na realidade, insalubridade fiscal, precarização dos serviços e mais insegurança dentro e fora das instituições públicas.
Visando justamente relembrar à população e aos governos, a realidade calamitosa e falaciosa da proposta apresentada pela equipe econômica do atual Presidente da República, o "Movimento a serviço do Brasil" tem como um de seus principais objetivos informar e debater acerca disso.
Sobre a importância dos sindicatos nesse movimento de reação, o presidente do Sindicontas-PR, Luiz Tadeu Grossi Fernandes diz: “O vento sopra contrário a nós. sem organização e união, nosso discurso não se sustenta, não tem força. Felizmente, temos a verdade e o bem real do Brasil a nosso favor e nós, servidores, sabemos disso, mas é só fazendo com que os outros trabalhadores também o saibam que adquirimos qualquer força política capaz de mudar os ventos. O papel dos sindicatos nesse momento se mostra imprescindível e inigualável. Não há outra estrutura que nos defenda.” Em consonância com a opinião de nosso presidente, o jurista alemão do séc. 19, Rudolph Von Ihering em uma conferência que mais tarde virou livro, afirmou: “Todos os direitos da humanidade foram conquistados na luta; todas as regras importantes do direito devem ter sido em sua origem, arrancadas àquelas que a elas se opunham, e todo o direito, direito de um povo ou direito de um particular, faz presumir que alguém esteja decidido a mantê-lo com firmeza”.
Que essas palavras possam inspirar a batalha que se trava necessariamente nesse momento crítico, nosso e da população brasileira contra os processos de enfraquecimento da estrutura administrativa do Estado, tão imprescindível ao funcionamento do país, ao estado de direito e o bem-estar social. Os sindicatos são nossos mediadores para com a sociedade civil e os governos, e estão na linha de frente da defesa do funcionalismo público e dos direitos de todos os trabalhadores previstos na Constituição Federal. Exigiremos nossos direitos ao exercermos nossos deveres individuais de participação ativa na cidadania. Para garantir a manutenção digna e até o progresso de nossa contribuição trabalhista para o bem coletivo, faz-se necessário que também tomemos parte na luta política.
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