O SindicontasPR indica a leitura do e-book “Pílulas de bom senso: use sem moderação”, escrito por Clemente Ganz Lúcio.
O material trata dos desafios e do futuro do trabalho sindical de forma clara e objetiva.
“O mundo do trabalho passa por profundas mudanças em múltiplas dimensões. Impactos das novas tecnologias afetam os empregos, os postos de trabalho, as profissões, os processos de trabalho, as atividades laborais, a formação profissional, as demandas e requisitos ocupacionais entre inúmeros outros aspectos. A competição e a concorrência ampliada pressionam pela redução do custo do trabalho. A riqueza financeira assume crescentemente o lugar do capital produtivo, impondo sua lógica de máximo e seguro retorno e, para isso, acelerando a inovação tecnológica, os meios de redução dos salários e a segurança jurídica às empresas e aos acionistas.
As empresas e os empregadores se reorganizam e externalizam custos e riscos com terceirizações plenamente liberadas, com ampla flexibilidade para executar novas formas de contratação e tipos de vínculos, sem limite de jornada de trabalho e formas de remuneração. Fusões e aquisições transformam culturas de gestão das relações laborais, reduzindo a valorização da negociação coletiva e o papel dos sindicatos. Mudanças na legislação laboral e sindical alteram os marcos normativos do sistema de relações de trabalho. O indivíduo, ao invés do sindicato, o seguro privado no lugar da seguridade social, a assistência social acima do direito coletivo, a meritocracia como valor predominante para enterrar políticas distributivas e solidárias de combate às desigualdades.
Precarização, insegurança, múltiplos vínculos laborais simultâneos, jornadas parciais com salários ínfimos ou jornadas longas com salários reduzidos, rotatividade acelerada, vínculos sem proteção laboral e social, empregador oculto pelas plataformas ou como sujeito indeterminado mediado pelo CEO – preposto ávido por resultados para engordar sua remuneração. Estresse, medo, depressão e ansiedade fazem parte do cotidiano desse novo trabalhador e dessa nova trabalhadora que se sociabilizam na barbárie desse novo mundo do trabalho.
O desafio é criar um novo sindicalismo para fazer frente a esse estranho mundo que dá um cavalo de pau no processo civilizatório distributivista e democrático para o qual contribuíram os sindicatos, a valorização das negociações coletivas, o direito do trabalho, o papel regulatório do Estado e protetivo das políticas públicas universais. Recolocar o sindicato em processo de renovação para representar esse trabalhador presente no chão desse sistema produtivo em mudança. Uma organização capaz de dar centralidade à solidariedade, à força política da mobilização e enunciar novas utopias sobre a distribuição justa do produto econômico do trabalho de todos. Um sindicato capaz de ser a expressão organizativa dos trabalhadores a partir das condições materiais e culturais presentes, mobilizando perspectivas da transformação, capacidade de luta social e enunciando novos projetos de sociedade.
Nesta publicação estão reunidos artigos divulgados no período de 2017 a 2021 que procuram refletir sobre essas questões acima.”
Download do e-book: https://cutt.ly/CQ5Nki0