22 deputados recuam e retiram assinatura da PEC 38/2025: momento exige intensificar a pressão

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22 deputados recuam e retiram assinatura da pec 382025 momento exige intensificar a pressão
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A tramitação da PEC 38/2025, conhecida como Reforma Administrativa, sofre novos abalos. Desde o final de outubro, 22 deputados federais solicitaram formalmente a retirada de suas assinaturas do texto apresentado, que busca alterar o regime jurídico dos servidores públicos.

Ainda que o Regimento Interno da Câmara dos Deputados não preveja a exclusão das assinaturas após o protocolo, o gesto político é significativo. Ele expressa fragilidade na sustentação da proposta e revela que a pressão exercida por servidores, sindicatos e entidades de classe tem surtido efeito.

Segundo levantamento, os pedidos de retirada ocorreram entre 28 de outubro e 12 de novembro, abrangendo parlamentares de dez partidos diferentes e de todas as regiões do país.

Motivações declaradas: da coerência técnica à escuta social

Entre os deputados que justificaram sua decisão, prevalecem argumentos sobre impactos negativos ao serviço público, falta de debate com a sociedade civil, ameaças à estabilidade e às carreiras típicas de Estado, e prejuízos à qualidade dos serviços prestados à população.

Alguns, como Rafael Prudente (MDB/DF) e Henderson Pinto (MDB/PA), destacaram que assinaram inicialmente em respeito ao processo legislativo, mas recuaram ao compreender que o texto “não atende aos princípios de valorização, estabilidade e meritocracia que considero essenciais para o fortalecimento do Estado brasileiro”.

Outros, como Pastor Diniz (União/RR), apresentaram longas justificativas técnicas, apontando riscos à continuidade e à autonomia do serviço público. Já Murilo Galdino (Republicanos/PB) e Fátima Pelaes (Republicanos/AP) limitaram-se a registrar discordância “quanto ao conteúdo e aos eventuais efeitos da proposta”.

Em meio às manifestações detalhadas, oito deputados não apresentaram justificativa pública — entre eles, Duda Ramos (MDB/RR), Helena Lima (MDB/RR), Alexandre Guimarães (MDB/TO) e Coronel Fernanda (PL/MT). A ausência de explicações reforça a necessidade de acompanhamento próximo por parte das entidades representativas.

Os 22 deputados que retiraram a assinatura da PEC 38/2025

DataDeputado(a)Partido/UFJustificativa
28/10Rafael PrudenteMDB/DFTexto não valoriza estabilidade nem meritocracia; recuo por coerência e escuta da sociedade.
28/10Murilo GaldinoRepublicanos/PBDiscordância quanto ao conteúdo e efeitos da PEC.
28/10Fátima PelaesRepublicanos/APDiscordância quanto ao conteúdo e efeitos da PEC.
29/10Duda RamosMDB/RRSem justificativa.
29/10Emidinho MadeiraPL/MGReavaliação técnica e impacto em garantias fundamentais.
29/10Pastor DinizUnião/RRPEC retira direitos, ameaça estabilidade e fragiliza serviços essenciais.
29/10Zé Haroldo CathedralPSD/RRReavaliação técnica e impactos constitucionais.
29/10Helena LimaMDB/RRSem justificativa.
29/10Marx BeltrãoPP/ALReavaliação dos impactos da emenda; discordância do conteúdo.
29/10Alexandre GuimarãesMDB/TOSem justificativa.
29/10Renilce NicodemosMDB/PASem justificativa.
29/10Henderson PintoMDB/PARecuo após ouvir especialistas e servidores; defesa da estabilidade.
31/10ZuccoPL/RSAlerta sobre impacto na autonomia federativa; defende debate mais profundo.
05/11Marussa BoldrinMDB/GOReavaliação técnica e impactos sobre direitos constitucionais.
05/11Coronel AssisUnião/MTPreocupação com autonomia dos entes federativos e segurança jurídica.
05/11Thiago de JoaldoPP/SERevisão após exame técnico do texto final.
10/11Adail FilhoRepublicanos/AMSem justificativa.
10/11Thiago FloresRepublicanos/ROTexto não reflete princípios de valorização e eficiência do serviço público.
11/11Delegado CaveiraPL/PASem justificativa.
11/11Allan GarcêsPP/MATexto ameaça garantias individuais; pede debate mais transparente.
12/11Paulinho da ForçaSolidariedade/SPFalta de diálogo com servidores e setores públicos.
12/11Coronel FernandaPL/MTSem justificativa.

Reflexos na tramitação e no cenário político

As retiradas, embora não anulem formalmente o apoio registrado, pressionam a liderança governista e o bloco favorável à reforma, que perde fôlego político e enfrenta resistência pública crescente.
Especialistas avaliam que o movimento é resultado direto da mobilização nacional de sindicatos e servidores públicos, que expuseram os riscos de precarização das carreiras, enfraquecimento da estabilidade funcional e ameaça à autonomia federativa.

Mesmo assim, o texto ainda está apto para tramitar, o que exige vigilância e ação constante das entidades representativas.

Momento exige manter e ampliar a pressão

O presidente do SINDICONTAS/PR, Wanderlei Wormsbecker, reforça que este é um momento crucial para o funcionalismo:

“A retirada de assinaturas é uma vitória da mobilização, mas não o fim da luta. Precisamos intensificar a pressão, dialogar com os parlamentares que ainda apoiam a proposta e mostrar que o serviço público precisa de valorização, não de desmonte.”

O cenário atual evidencia que a resistência coletiva faz diferença, mas também que o movimento precisa permanecer unido e ativo para impedir retrocessos. As entidades sindicais devem seguir mapeando posições, promovendo diálogo direto com os deputados e mobilizando a base em defesa de um Estado forte, estável e comprometido com o interesse público.

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