Amanhã, segunda-feira, dia 9 de fevereiro, será dia de o Palácio Iguaçu contar “garrafas” na Assembleia Legislativa do Paraná. É quando a liderança governista, comandada pelo deputado Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), tentará aprovar a admissibilidade de transformar o plenário da Casa em comissão geral visando acelerar a aprovação, na terça (10), do “pacotaço de maldades” do governador Beto Richa (PSDB).
Algumas horas após as assembleias de educadores e servidores da saúde terem aprovado a deflagração de greve, por tempo indeterminado, parlamentares e líderes de partidos governistas se apressaram a declarar voto contra a retirada de direitos do funcionalismo. Isso pode criar embaraços para Richa, pois o cheiro da derrota ronda o Centro Cívico. A praça dos três poderes deverá ser tomada depois de amanhã por mais de 20 mil manifestantes, que prometem acampar por ali até quando for preciso.
A questão econômica do calote, a falta de pagamentos pelo governo Richa, deixou de ser central devido a magnitude do ataque tucano contra o Plano de Carreira do funcionalismo. O governo do PSDB quer extinguir os quinquênios e anuênios, além de planejar o assalto de R$ 8 bilhões do fundo previdenciário — o que poderá comprometer o pagamento da aposentadoria e da pensão de milhares de servidores em um futuro não muito distante (coisa de no máximo dois anos).
Pois bem, Richa não terá 100% nos partidos que estão na base de sustentação de seu governo. Líderes do PSD, PDT, PTB e até do PPS anunciaram que não votarão contra os funcionários públicos. O PSC de Ratinho Júnior cuja bancada possui 12 deputados ainda não se manifestou sobre o tema. Já o PMDB fala em fechar questão e enquadrar a bancada na Assembleia (o que será de Romanelli?).
A educação que reúne mais de 130 mil profissionais vai puxar o ritmo da greve. Amanhã não haverá aula para 1,3 milhão de alunos da rede pública estadual. A saúde vai parar na terça e, nos municípios, câmaras de vereadores aprovam manifestos favoráveis ao movimento paredista. Deputados são pressionados em suas residências.
Há um nítido constrangimento nos parlamentares, sobretudo os 19 novatos, que perceberam reajuste de 26% nos salários — equivalente a R$ 25 mil mensais –, mas são convocados a votar projeto que reduz os salários de professores e dos demais servidores públicos. O governador também elevou o próprio salário para R$ 33 mil, o maior do país.
A crise só vale para o funcionalismo público que tem de pagar a conta? Ora, os conselheiros do Tribunal Faz de Contas (TCE) igualmente querem engordar seus vencimentos com mais R$ 4 mil de auxílio-moradia porque eles se acham juízes (quem adivinhar que Richa dará esse privilégio para o órgão que “fiscaliza” as contas ganhará um doce). Eles já têm salário de R$ 26 mil mensais.
Diante da batalha que se avizinha, há uma certeza em todas as correntes: Richa quebrou o Paraná e os servidores públicos não querem pagar essa conta.
fonte: Esmael Morais
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