Alvaro Dias, Roberto Requião e Beto Richa, todos ex-governadores do estado, foram derrotados nas urnas; apenas Dias tem mandato por mais quatro anos
O primeiro turno das eleições de 2018 pode representar o fim de um ciclo para três ex-governadores paranaenses que dominaram o cenário político estadual nos últimos anos. Roberto Requião (MDB) e Beto Richa (PSDB) não se elegeram para o Senado. As vagas ficaram coma Oriovisto Guimarães (Podemos) e Flavio Arns (Rede. Já o senador Alvaro Dias (Podemos) ficou em nono lugar na disputa presidencial.
Os três são os únicos governadores eleitos no estado desde a Nova República (desde 1985) que ainda estão ativos na política. Os outros dois que comandaram o estado foram José Richa, já falecido, e Jaime Lerner, que se afastou da política. Juntos, os dois Richas, Requião e Dias governaram o Paraná por 23 anos.
Dias, que ainda tem quatro anos de mandato no Senado, chegou a marcar seis pontos de intenção de voto no início da corrida eleitoral e chegou a ser cortejado como vice pelo tucano Geraldo Alckmin. O senador negou o convite, acreditando que, descolando-se dos partidos políticos tradicionais e apostando em uma onda de renovação, poderia impulsionar sua candidatura. O voto da antipolítica de fato veio, mas mirou Jair Bolsonaro, do PSL.
Dias ainda não anunciou nenhum apoio para o segundo turno. No Paraná, suas opções geraram descontentamento na família, já que o Podemos se aliou ao PSD de Ratinho Junior – eleito governador no primeiro turno -, inviabilizando a candidatura do irmão Osmar Dias, do PDT. A aliados, Osmar afirma que foi traído por Alvaro para que este colocasse em prática seu sonho de disputar uma eleição presidencial. O senador ainda não deu pistas sobre seu futuro politico, mas nas próximas eleições, em 2022, ele terá 77 anos.
Sem mandato
Roberto Requião, por sua vez, não conseguiu a reeleição e, pela primeira vez desde 1983, início da sua trajetória política, uma derrota nas urnas o deixará sem mandato. Em 1998 e 2014 ele foi derrotado respectivamente por Jaime Lerner e Beto Richa para o governo do estado. Nos dois casos, porém, ainda tinha quatro anos de mandato pela frente como senador.
O emedebista, que sempre esteve à esquerda do PMDB e, desde o impeachment de Dilma Rousseff, tornou-se um dos principais defensores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, atribuiu sua derrota às pesquisas eleitorais e à onda pró-Bolsonaro no estado. “No Paraná as empresas de pesquisa simularam um crescimento de Beto Richa e me liquidaram com o voto útil em Oriovisto e Arns. Além disto fui atacado com calúnias nos últimos dias. Da melhor condição eleitoral do pais para a derrota em 48 horas. Apreendamos!”, afirmou, por meio de sua conta no twitter.
Com 77 anos e enfrentando alguns problemas de saúde, a tendência é que o senador, que chegou a liderar as pesquisas para intenção de voto, passe o bastão para o filho, Maurício Requião, e para o sobrinho João Arruda. Maurício foi reeleito para a Assembleia Legislativa e Arruda disputou o governo do estado, ficando em terceiro lugar, atrás de Ratinho Junior (PSD) e de Cida Borghetti (PP).
A derrota mais retumbante coube ao ex-governador Beto Richa. Desde que foi eleito para sua primeira gestão na prefeitura de Curitiba, o tucano nunca havia perdido uma eleição. Dessa vez, ele obteve cerca de 337 mil votos, ficando em sexto na eleição para o Senado.
Richa é alvo de uma série de investigações do Ministério Público Federal e Estadual — ele chegou a ser preso na Operação Rádio Patrulha, que apura irregularidades em obras de manutenção de estradas rurais no interior do estado. Em entrevista nesta segunda-feira, o tucano criticou a atuação do Ministério Público.
“[O STF] apontou fortes indícios de que tal operação teve fundo político, para interferir no pleito eleitoral. Um desprezo à democracia”, afirmou, ressaltando que, depois de deixar a cadeia, ficou “praticamente sozinho”. “Isso me arrebentou junto aos meu eleitores e minhas lideranças”, disse. Richa também não conseguiu eleger o filho Marcelo deputado estadual e admitiu que ainda não sabe se volta à política.
Fonte: VEJA
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