SINDICONTAS/PR »
PEC 32

Notícias » Sindicontas/PR

Imagem

Crise na articulação política dificulta aprovação da Reforma

  • 28 de março de 2019
Fim da lua de mel com a Câmara dos Deputados pode comprometer a Reforma da Previdência 
 
A Reforma da Previdência deve encontrar maiores resistências para a sua aprovação no Congresso Nacional, principalmente depois dos últimos tropeços do governo em suas relações políticas. Mais do que isso, a discussão se tornou pública e afastou a sua única liderança experiente dentro da Câmara dos Vereadores, Rodrigo Maia.  
 
A verdade é que a equipe de Jair Bolsonaro está tentando aprender, com grandes dificuldades, a fazer política. Quem vinha trabalhando para que as principais pautas propostas fossem aprovadas era Rodrigo Maia, que se desentendeu com as declarações de outros personagens: Sergio Moro, Carlos Bolsonaro e o próprio presidente. 
 
À parte, Paulo Guedes também criou um mal-estar no Legislativo, depois de não comparecer ao convite do Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para discutir a Reforma da Previdência. Além disso, o Ministro da Economia soltou uma declaração que novamente atinge o funcionalismo público: “A primeira coisa que vai acontecer (sem reforma) é a interrupção do pagamento de salários”. 
 
SERGIO MORO 
O Ministro da Justiça, Sergio Moro, deu o ponto de partida para uma série de desentendimentos com o Presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Moro fez uma pressão para que o seu projeto tramitasse juntamente com a proposta da Reforma da Previdência, só que Maia possui uma opinião diferente sobre, a de que isso deve acontecer “no momento adequado”. 
 
Para isso, o presidente da Câmara havia criado um grupo de trabalho para a análise do texto, o que na prática congelava sua tramitação por 90 dias. Assim, o ministro ficou irritado com a decisão tomada e enviou uma mensagem de madrugada para que Maia dessa agilidade ao pacote anticrime, que não ficou calado diante da polêmica: 
 
“O funcionário do presidente Bolsonaro? Ele conversa com o presidente Bolsonaro e se o presidente Bolsonaro quiser ele conversa comigo. Eu fiz aquilo que eu acho correto”. Maia ainda disse que o projeto era uma cópia do projeto do Ministro do Supremo, Alexandre de Moraes. Além disso, acusou-o de entender pouco de política e de estar passando das suas atribuições. 
 
Após o ocorrido, Sergio Moro publicou uma Nota Oficial na quarta-feira (20), dizendo que: “Talvez alguns entendam que o combate ao crime pode ser adiado indefinidamente, mas o povo brasileiro não aguenta mais. Essas questões sempre foram tratadas com respeito e cordialidade com o Presidente da Câmara, e espero que o mesmo possa ocorrer com o projeto e com quem o propôs”.  
 
CARLOS BOLSONARO 
Quando parecia que os ânimos iriam se acalmar, o vereador Carlos Bolsonaro retweetou a declaração do Ministro da Justiça, com um comentário irônico: “Há algo bem errado que não está certo”. No Instagram, manteve o tom de desconfiança e postou a foto da notícia: “Por que o Presidente da Câmara anda tão nervoso?”  
 
Neste dia, o juiz Marcelo Bretas mandou prender, além do ex-presidente Michel Temer, o ex-ministro e ex-governador do Rio de Janeiro, Moreira Franco – que é casado com a mãe da esposa de Maia. O presidente da Câmara ficou irritado com as publicações do filho do presidente da República e ligou para o Ministro da Economia, Paulo Guedes, dizendo que deixaria a articulação política. 
 
JAIR BOLSONARO 
Quando o presidente da República foi tratar o assunto em público, lidou o assunto com humor, o que claramente não agradou o presidente da Câmara. “Você já teve uma namorada? E quando ela quis ir embora, o que você fez para ela voltar? Não conversou? Estou à disposição para conversar com Rodrigo Maia, sem problema nenhum”, disse Jair Bolsonaro. 
 
Em resposta, Maia não diminuiu o tom de despontamento: “Eu não preciso almoçar, não preciso de café e não preciso voltar a namorar. Eu preciso que o presidente assuma de forma definitiva o seu papel institucional, que é liderar a votação da reforma da Previdência, chamar partido por partido que quer aprovar a Previdência e mostrar os motivos dessa necessidade”. 
 
PAULO GUEDES 
Nesta terça-feira (26), o Ministro da Economia tinha sido convidado a participar de uma reunião da CCJ para que argumentasse os motivos pelos quais a Reforma da Previdência deveria ser aprovada. Ao contrário do que o esperado, Paulo Guedes não compareceu. A estratégia foi uma forma de preservá-lo e deixar que a falta de articulação no Congresso caia somente sobre o Planalto.  
 
Isso porque diante da instabilidade política do governo e da forte oposição contra o Executivo e a Reforma da Previdência, o ministro sofreria grandes críticas. Dessa forma, foi orientado a esperar primeiro a indicação do relator da CCJ que deve ser definido até a próxima semana, Guedes remarcou a sua reunião para quarta-feira (3).  
 
Nesta quarta-feira (27), o presidente da Comissão, Felipe Francischini, pediu um prazo maior para a votação do projeto, com previsão para conclusão até o dia 17 de abril. Previsto no regimento interno da Câmara, o prazo de cinco sessões foi encerrado nesta terça-feira (26). Agora, resta a decisão ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia.  
 
Na segunda-feira (25), Paulo Guedes novamente voltou a atingir o funcionalismo público com suas declarações. O ministro alegou que se a Reforma da Previdência não for aprovada, a primeira coisa que deve acontecer é a interrupção do pagamento de salários. “O primeiro atingido é o servidor”, reforçou o seu entendimento. 
 
MILITARES 
A proposta da Reforma da Previdência apresentada para os militares se mostrou bem mais acessível do que para o restante da população, o que causou um desconforto no Congresso, já que a política pregada até então era a de combater privilégios, sem preferências. Ao contrário, ela vem acompanhada do aumento de salários da categoria. 
 
O presidente da Câmara, Maia, criticou a decisão, acreditando na necessidade de deixar claro que ninguém estava “empurrando essa festa mais alguns anos, com o Estado já quebrado”. O posicionamento negativo somente antecipou a percepção de boa parte dos deputados, que ficaram descontentes com a proposta apresentada.  
 
DERROTA DO CONGRESSO 
Nesta terça-feira (26), a Câmara dos Deputados aprovou a proposta de emenda à Constituição (PEC) – apresentada ainda em 2015, no governo de Dilma Rousseff – que obriga o governo federal a executar todos os investimentos previstos no Orçamento. Na prática, isso retrata um engessamento do orçamento da equipe econômica, com pouca margem de manobra.  
 
A decisão está atrelada a um cenário que era comum: o Congresso aprovava o plano orçamentário apresentado pelo governo, que não executava. Agora, serão obrigados a cumprir o gasto de investimento e somente parte do custeio fica com o governo. Assim, o Executivo fica apenas com a função de executar e o Legislativo responsável por definir o orçamento.  
 
A PEC foi analisada em dois turnos e ambas com uma votação quase que unanime. No primeiro turno, 448 deputados votaram a favor, e 3, contra. No segundo turno, o placar foi 453 votos a favor, e 6, contra. Basicamente, a Câmara dos Deputados enviou um recardo ao governo: o de que o Parlamento vai legislar e fazer o papel dele, sem nenhum acordo com o Palácio do Planalto.  
 
POSICIONAMENTO DO SINDICONTAS/PR 
Claramente a grande resistência apresentada no Congresso e a crise com Rodrigo Maia aumentam a dificuldade de articulação, inclusive para a aprovação das principais propostas do governo, como a Reforma da Previdência. Entendemos que a proposta apresentada trata os servidores públicos de forma extremamente injusta. Enxergamos nesta desarticulação do governo com o Congresso uma possiblidade de conseguirmos regras de transição mais justas. Aliás, essa articulação política não era a esperada do governo Jair Bolsonaro. Ainda assim, pode ter vindo em boa hora para os servidores.  
   
  Compartilhar no WhatsApp  

Comente esta Notícia

código captcha
Assédio Moral
Fórum

Assembléia Online

Participe da democracia da qual o nosso Sindicato é feito.

Abaixo-assinados

Proponha e assine abaixo-assinados por melhorias na sua condição de trabalho.

Biblioteca do Servidor TC-PR

Sugira e confira os livros indicados para os servidores do TC lerem.

Estudos Técnicos

Acesse os estudos realizados pela nossa diretoria e pelos nossos associados.

Documentos

Acesse balancetes, cartas, acordos e demais documentos do nosso Sindicato.

O Sindicato dos Servidores do Tribunal de Contas do Estado do Paraná (SINDICONTAS/PR) utiliza alguns cookies de terceiros e está em conformidade com a LGPD (Lei nº 13.709/2018).

CLIQUE AQUI e saiba mais sobre o tratamento de dados feito pelo SINDICONTAS/PR. Nesse documento, você tem acesso às atualizações sobre proteção de dados no âmbito do SINDICONTAS/PR bem como às íntegras de nossa Política de Privacidade e nossa Política de Cookies.