Ratinho diz que APP não representa professores. Governador diz que está ganhando “guerra” contra sindicato

Ratinho diz que APP não representa professores. Governador diz que está ganhando “guerra” contra sindicato

Ouça essa matéria:

O governador Ratinho Jr (PSD) adota um discurso cada vez mais parecido com o do seu antecessor, Beto Richa (PSDB) na gestão da educação pública. Nesta quarta-feira (27), em entrevistas à Record e à Jovem Pan (que também eram uma espécie de canal oficial para entrevistas de Beto, na época de Denian Couto), Ratinho basicamente disse que o sindicato dos professores é ilegítimo.

“Já se notou, historicamente, que a APP não é um sindicato que representa os professores. Eles representam um partido político. Isso está muito claro, a sociedade conhece e já está explícito. Quando você não tem uma bandeira legítima, você está desmoralizado.”

Mais do que isso, o governador falou em uma “guerra” entre o governo e o sindicato:

“Ganhamos todas as guerras com a APP. Todas. Nos dois anos que estou no governo, eles não ganharam nenhuma. Porque nossas teses estão convencendo a população, o Judiciário e o Ministério Público de que aquilo que estamos implantando é o melhor para os jovens e os professores.”

Quanto à existência de uma guerra, o governador pode estar certo. Desde a gestão de Beto Richa, o governo do estado parece ver os trabalhadores da educação e muito especialmente seus representantes sindicais como inimigos. No mandato de Richa, a APP e o fórum que reúne os demais sindicatos do funcionalismo foram, para dizer a verdade, a única oposição substantiva que o governo enfrentou.

Agora, aparece o discurso da ilegitimidade. Como sempre, tenta-se atrelar a APP a um grupo político, especificamente a um partido: o PT. De fato, a direção do sindicato tem muitas pessoas ligadas ao Partido dos Trabalhadores. O que Ratinho parece não compreender é que isso de nenhuma maneira tira a legitimidade do movimento.

A direção do sindicato foi eleita – exatamente como eleito foi Ratinho para seu cargo. Assim como os paranaenses deram a Ratinho um mandato para governar o estado, os professores da rede pública deram ao professor Hermes Leão um mandato para dirigir seu sindicato. Onde está a legitimidade? Por que uma eleição dá legitimidade e outra não?

Ratinho também pertence a um partido político, assim como a maior parte de seus secretários. Também ele toma decisões que têm por base sua ideologia, e até mesmo os interesses de seus aliados – igualmente políticos, igualmente ligados a partidos. Isso tira sua legitimidade?

Sindicalismo também é política. A defesa dos trabalhadores não é feita por pessoas que pairam acima do mundo real, que não têm posições, que buscam uma pureza absoluta. É natural e desejável que os representantes dos trabalhadores tenham posições ideológicas e políticas.

Curiosamente, na mesma entrevista Ratinho disse que a militarização dos colégios públicos do Paraná não podia ser mais democrática. O motivo? Os pais votaram e escolheram esse caminho. Nesse caso, aparentemente, a votação legitima o processo.

De tudo isso se chega à seguinte conclusão. Para Ratinho, ilegítimo é o voto do trabalhador que escolhe seu representante. Contra esse, é preciso entrar em guerra.

Fonte: Plural Curitiba

Compartilhar

Nóticias recentes

plugins premium WordPress