Por Wanderlei Wormsbecker
Presidente do SINDICONTAS/PR
Quando um servidor público se levanta contra uma injustiça, sua voz ecoa, mas pode ser abafada. Quando milhares de servidores se levantam juntos, o país precisa ouvir. É essa a lição mais clara que trago do IV Congresso Extraordinário da Pública, realizado em Brasília.
Foram dias de debates intensos e sinceros, nos quais ficou evidente aquilo que todos já sentimos no dia a dia: o serviço público está sob ameaça constante. A chamada Reforma Administrativa não desapareceu com a derrota da PEC 32/2020; ao contrário, retorna agora mais ampla, mais dura e mais perigosa, articulada em três frentes — uma PEC, um PLC e um PL — que podem reconfigurar o funcionalismo em todos os poderes e esferas.
É preciso dizer com clareza: não estamos falando apenas de mudanças administrativas. Estamos falando de medidas que fragilizam carreiras, abrem espaço para demissões arbitrárias, esvaziam a estabilidade e podem transformar o servidor em peça descartável. E, quando o servidor é enfraquecido, não é apenas ele quem perde: perde também a sociedade, que fica sem a garantia de um serviço público de qualidade, independente e transparente.
E é aqui que quero falar diretamente com você, servidor: o Estado precisa de nós. Somos nós que garantimos que a saúde chegue à população, que a educação forme cidadãos, que as contas públicas sejam fiscalizadas, que a democracia se mantenha de pé. Sem servidor público valorizado, não há serviço público de qualidade.
Nesse congresso, percebi o quanto é urgente fortalecer alianças entre sindicatos, associações e lideranças. Cada um de nós enfrenta batalhas em seu espaço, mas as forças que atuam contra o serviço público são nacionais e organizadas. Não podemos nos dar ao luxo da fragmentação. Mais do que nunca, precisamos dar visibilidade a entidades como a Pública e respeitar o papel fundamental dos sindicatos, que são a linha de frente dessa luta.
Volto de Brasília convencido de que a hora é agora. Precisamos estar atentos, mobilizados e unidos, porque o futuro do funcionalismo — e da própria democracia — depende da nossa capacidade de resistir. O serviço público é um patrimônio da sociedade, e cabe a nós defendê-lo com coragem, com união e com consciência do papel histórico que temos nas mãos.