O servidor público é, muitas vezes, o último a saber das mudanças que impactam diretamente sua carreira. Reformas silenciosas, projetos de lei com tramitação acelerada, alterações nas regras previdenciárias ou nos planos de cargos e salários — tudo isso pode passar despercebido por quem não está atento. E o preço da desatenção pode ser alto: perda de direitos, insegurança jurídica, precarização das condições de trabalho.
Manter-se informado deixou de ser uma opção e passou a ser uma estratégia de proteção e sobrevivência dentro do serviço público. Em um cenário político cada vez mais volátil e com frequentes tentativas de desmontes institucionais, acompanhar as pautas da categoria é um ato de responsabilidade consigo mesmo, com os colegas e com a sociedade que depende de um serviço público qualificado.
Recentemente, propostas como a PEC 66/2023 e a PEC 32/2020 (conhecida como Reforma Administrativa) acenderam o alerta em todas as esferas. A PEC 66, por exemplo, busca impor aos estados e municípios as mesmas regras previdenciárias da União, o que pode gerar aumento nas alíquotas de contribuição dos servidores e dificultar ainda mais o pagamento de precatórios alimentares — afetando diretamente aposentados e pensionistas.
Já a PEC 32 representa uma ameaça estrutural: ela fragiliza a estabilidade, permite contratações temporárias em larga escala, facilita demissões e abre espaço para indicações políticas e privatizações dentro do serviço público. É uma proposta que altera profundamente o pacto de serviço ao interesse público, enfraquecendo as garantias que hoje asseguram a atuação técnica, imparcial e permanente dos servidores.
Engajamento é sinônimo de resistência. É nos momentos de mobilização coletiva que a voz do servidor ganha força. A pressão organizada tem histórico de impedir retrocessos, reverter medidas injustas e garantir conquistas. Mas para que isso aconteça, é preciso que todos saibam o que está em jogo.
O SINDICONTAS/PR tem atuado incansavelmente para acompanhar esses e outros projetos que tramitam no Congresso Nacional. Promove alertas, notas técnicas, ações políticas e articulações junto às entidades nacionais. Mas nenhuma entidade sindical pode atuar sozinha — é fundamental que cada servidor compreenda seu papel nesse processo.
Mais do que nunca, é preciso estar atento. Ler os boletins, acompanhar os canais oficiais, participar das assembleias, compreender os impactos das propostas em tramitação. Essa atitude é o que transforma o servidor de espectador em protagonista.
Desinformação e apatia favorecem apenas quem aposta na desmobilização para atacar direitos. Servidor informado é servidor fortalecido. E servidor fortalecido é a base de um serviço público mais justo, eficiente e respeitado.