Os preços de alguns bens e serviços, como os combustíveis, conta de luz, bem como os recursos financeiros para políticas públicas e investimentos em diferentes áreas têm gerado discussões acerca da economia brasileira e qual seria a causa das mudanças ocorridas neste setor. O processo de privatização de empresas como a Eletrobras e Petrobras é apontado por muitos especialistas, parlamentares e sociedade civil como o protagonista dessas transformações.
Como muitos assuntos que envolvem o Poder Público, a privatização de estatais está sob a crítica de diversos argumentos contrários e favoráveis, o que levanta ainda mais a reflexão sobre os impactos desse modelo de gestão que visa aumentar a participação do capital privado nos setores públicos. O discurso do Ministério da Economia em defesa da desmonopolização de alguns setores é que a iniciativa vai atrair mais investimentos para o país e para a criação de um mercado plural, dinâmico e competitivo, além de contribuir com os ganhos de eficiência nas empresas e uma maior geração de empregos aos brasileiros.
A visão de alguns especialistas e de parte da população sobre a liberdade econômica proposta por esse instrumento de política pública não difere muito da justificativa do Governo Federal, pois estes também acreditam que esta é uma possibilidade de aliviar a pressão fiscal sobre o Estado, arrecadando recursos, liberando o orçamento para ser alocado em outras áreas e, por consequência, impulsionar a produtividade e crescimento econômico brasileiro.
Em oposição a essas perspectivas estão setores progressistas da sociedade, analistas, parlamentares, sindicatos representantes de diversas instituições e boa parte da sociedade que criticam a privatização das estatais brasileiras e apontam os efeitos disso para o mercado de capital do país. Para eles, esse processo pode trazer riscos como a concentração de mercado, aumento da tarifa de alguns produtos adquiridos por consumidores, demissão em massa, bem como a precarização trabalhista, já que muitas empresas privatizadas optam pela terceirização de profissionais.
Para reafirmar essa luta contra essa iniciativa, no início de maio, movimentos sociais, federações e sindicatos do setor de energia participaram de uma Plenária Nacional Virtual, na qual denunciaram os impactos que a privatização causará na vida da população e conseguiram adiar a entrega da maior companhia de energia do país, a Eletrobras, ao capital privado. Segundo as entidades do setor elétrico, a principal implicação da privatização será um aumento estimado em 25% na tarifa de luz e que isso pode acarretar na desindustrialização do país e no desemprego em um momento em que estamos nos recuperando da crise provocada pela pandemia.
Em uma visão a curto prazo, o fato é que a pauta das privatizações tende a ganhar força, especialmente, no debate eleitoral deste ano. Por isso, observar os discursos dos candidatos é importante, pois a disputa entre eles é o que deve definir o futuro das estatais brasileiras e também nos fazer enxergar se o melhor é vender as companhias controladas pelo governo ou mantê-las para tentar usá-las como solução para o equilíbrio da economia brasileira.
Imagem: Seu Dinheiro