IOF pode adiar fim da alta de juros

IOF pode adiar fim da alta de juros

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Matéria original: Valor Invest

A novela do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) pode estar afetando as apostas do mercado para o futuro da taxa Selic. Pelo menos é o que mostra o Termômetro do Copom, ferramenta do Valor Investe que acompanha as estimativas dos analistas para as próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). Desde o fim de maio, depois das repercussões negativas com o aumento do tributo, as apostas em uma nova alta de 0,25 ponto percentual ganharam mais força.

Na última reunião do Comitê de Política Monetária, o Banco Central diminuiu o ritmo de alta da Selic e elevou a taxa básica de juros em apenas 0,5 ponto percentual, a 14,75% ao ano. O recado passado na ocasião era de que o futuro estava em aberto, mas que o ciclo de aperto monetário poderia estar chegando ao fim. Não à toa, a ampla maioria dos analistas acreditava que a próxima reunião seria de manutenção da taxa.

No dia 22 de maio, o governo anunciou o aumento do IOF em algumas operações financeiras, o que causou mal-estar no mercado. No dia 23 de maio, houve o recuo em algumas das medidas. A partir daí, começaram a surgir discussões sobre possíveis alternativas para o aumento do IOF. Assim, a partir do dia 28 de maio, as apostas em uma manutenção da taxa começaram a cair, enquanto as estimativas de um aumento de 0,25 ponto percentual ganharam força

A ferramenta ainda mostra que a maioria dos analistas (53,3%) ainda projeta uma manutenção na reunião do dia 18 de junho. Agora, no entanto, 44,5% apostam em uma alta de 0,25 ponto percentual. Para se ter uma ideia, antes do dia 28 de maio, apenas 21,5% dos analistas esperavam esse aumento. De quebra, há ainda 1,5% dos analistas que chegam a prever uma alta de 0,5 ponto percentual.

O que justifica?

De um modo geral, o principal motivador que pode justificar essa mudança é a “novela do IOF”. O governo anunciou a medida para diferentes tipos de operações e, após um estresse no mercado, recuou em alguns desses anúncios. Desde então, estão no radar diversas discussões sobre alternativas aos aumentos.

As discussões vão desde uma contenção do crescimento do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) até o uso da receita que será gerada pelo leilão das áreas não contratadas do pré-sal. As medidas devem ser apresentadas no domingo pelo Ministério da Fazenda aos líderes do Congresso.

Todo esse vaivém e incertezas podem justificar a aposta do mercado em um aumento adicional da Selic. Isso porque os agentes do mercado tendem a antecipar uma postura mais conservadora do Banco Central para conter possíveis pressões inflacionárias. Assim, mesmo que ainda haja maioria apostando na manutenção, o avanço das projeções por uma nova alta é um reflexo do ambiente mais volátil.

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