Em meio ao caos político, fruto não só da pandemia, mas da falta de coordenação e liderança eficaz do Governo Federal, resplandece uma ponta de esperança ao vermos que a sociedade brasileira está amadurecendo. Quando as ameaças à democracia tornam-se patentes, a sociedade rapidamente se mobiliza e parte em sua defesa. Nós, que somos velhos guerreiros do Estado, servidores com décadas de serviço, sabemos que os governos passam, mas as instituições ficam, e somente elas podem garantir um futuro democrático para nossos filhos e netos.
Temos visto o Governo Federal insistentemente agredir instituições democráticas e servidores públicos. A interferência na Polícia Federal tornou-se completamente evidente, assim como as modificações no extinto COAF, as públicas afrontas ao STF e a desconsideração da tradicional lista tríplice na escolha do procurador-geral do MPF. Como se não bastasse, com a premente investigação do procurador-geral Augusto Aras à sua pessoa, o presidente da República lhe oferece publicamente uma cadeira no STF. Ainda que tais ações, eventualmente, possam ser consideradas legais, são totalmente imorais e afrontam o espírito democrático e republicano do nosso povo.
Neste mês, onde o Tribunal de Contas do Estado do Paraná completa 73 anos, alegramo-nos em constatar que solidificou-se como uma importante instituição do nosso país, pilar inegável da nossa democracia. Sabemos que as instituições não são perfeitas, tampouco os Tribunais de Contas, e por isso mesmo, entendemos que devemos trabalhar juntos para aprimorá-las, pois sem elas, reina a barbárie e a incivilidade.
No âmbito dos Tribunais de Contas, cabe-nos lembrar da importância de conquistarmos a independência e autonomia da função de Auditoria. Teremos ainda maior respeito da sociedade ao efetivar trabalhos técnicos e de qualidade com total independência, permanecendo aos conselheiros a ímpar função de julgar os relatórios emitidos pelos servidores.
Continuemos juntos, trabalhando lado a lado, os poderes independentes e harmônicos, as instituições, servidores e sociedade civil, por um Brasil que transcenda naturais ideologias e governos passageiros, em busca da construção de um Estado garantidor da democracia e da dignidade que todos desejamos e merecemos ter.
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