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Cinco perguntas para o professor Elias Jabbour

  • 23 de novembro de 2020
Sexta 20/11 - 19h30
 
 
1. O pensamento de Ignácio Rangel
 
O geógrafo Armen Mamigonian, no livro que organizou com o economista José Márcio Rego, “O Pensamento de Ignácio Rangel”, escreveu que:
 
“Tanto para Ignácio Rangel como para Gramsci a verdade é revolucionária, daí decorrendo sua posição intransigente de remar contra a corrente, sempre que necessário, contra monetaristas e estruturalistas na questão da inflação brasileira, por exemplo. Daí ter sido sempre incômodo para os interesses dos poderosos e seus representantes no mercado de ideias e ‘formadores’ de opinião.”
 
Ele termina o artigo afirmando que “a luz de Ignácio Rangel, certamente, continuará a iluminar o Brasil por longo tempo.”
 
Queria que você comentasse esse parágrafo e nos dissesse por onde Ignácio Rangel capturou você?
 
2. A Nova Economia do Projetamento
 
Numa entrevista para o site da Fundação Maurício Grabois, você ressaltou o seguinte:
“Resgatamos a elaboração de Ignácio Rangel sobre a ‘economia do projetamento’ que surgiu no século passado e fruto da fusão entre a planificação soviética, o keynesianismo e a economia monetária. Essa economia foi proscrita com o fim da URSS, a emersão da dinâmica financeirizada de acumulação e o keynesianismo militarizado norte-americano. Esta economia renasce na China sob o acicate da ‘Nova Economia do Projetamento’, que pode ser vista como uma variação qualitativa do modo de produção socialista na China, gerando uma transição lenta e graduada, ‘planejamento compatível ao mercado’ ao ‘planejamento baseado no projeto’ (Project-Based Planning). Posso dizer que estou bem adiantado na categorização desta nova economia e em breve muitas novidades bem heterodoxas virão.  A ‘Nova Economia do Projetamento’ é o socialismo versão 4.0.”
 
Você poderia aprofundar esse tema? Como você liga Ignácio Rangel ao socialismo 4.0?
 
3. Socialismo de mercado
 
Na mesma entrevista para o site da Fundação Maurício Grabois, você diz:
 
“Não gosto de trabalhar com conceitos apriorísticos, entre eles o de capitalismo e socialismo. O que existe na China é uma engenharia social nova que combina diferentes modos de produção, de diferentes épocas históricas, convivendo em uma certa ‘unidade de contrários’. Existe capitalismo na China, existem formas pré-capitalistas de produção que ocupam cerca de 400 milhões de camponeses. Existe o que eu chamo de ‘empresas não capitalistas orientadas ao mercado’, que são um mix de propriedade coletiva, com acionistas privados e estatais – mas sem primazia de capitalistas privados. E existe o núcleo da economia composto com uma centena de grandes conglomerados empresariais estatais, um sistema financeiro de longo prazo, capilarizado e estatal. Esse núcleo eu chamo de modo de produção socialista, o modo de produção dominante. Com o poder político exercido por um bloco histórico comprometido com uma estratégia de caráter socializante, o que não exclui a existência de contradições de múltipla monta no país. Nesse ‘socialismo de mercado, a capacidade do Estado de atuar na economia é quantitativamente maior e qualitativamente superior do que o verificado em um capitalismo, por exemplo.”
 
A gente, às vezes, ouve falar de ‘capitalismo de Estado’. Você pode comentar e nos contar mais sobre a combinação de diferentes modos de produção na China e o modo socialista dominante?
 
4. O século XXI
 
Em entrevista para o site do Instituto Humanitas Unisinos, você afirma que:
“É pelo diferencial na produtividade do trabalho que os diferentes modos de produção são superados. O arado de boi causou uma revolução tecnológica que levou ao fim o escravismo em prol do feudalismo. E assim sucessivamente. A superação do capitalismo vai demandar a existência de um modo de produção superior em matéria de geração de riqueza e sua distribuição. Tenho dito que as possibilidades abertas ao socialismo e à planificação econômica são imensas no mundo atual dada a maior capacidade de projetar e maxirracionalizar o processo de produção pela via da incorporação à economia real de todo esse aparato tecnológico à disposição. Se quisermos entender o século XXI teremos de entender e dominar a ciência da planificação econômica.”
 
Gostaria que você comentasse esse trecho da entrevista e nos dissesse o que está enxergando à nossa frente nesse século XXI.
 
5. Repensar o Brasil
 
O resumo de seu artigo para o livro “Repensar o Brasil”, com título “Sobre as Raízes e e as Influências Intelectuais do Pensamento de Ignácio Rangel”, afirma o seguinte:
 
“Tendo em vista os debates iniciados sobre a obra de Ignácio de Mourão Rangel, no bojo de seu centenário de nascimento (2014), este artigo tem por objetivo uma discussão inicial sobre as influências exercidas sobre o citado autor ao longo de sua extensa obra. Advogamos que a consequência do pensamento de Rangel foi resultante de diversas influências desde filosóficas (Hegel e Kant) –, passando por Adam Smith, Karl Marx, Vladimir Lênin – até a absorção, via Schumpeter, das ondas largas da conjuntura de Kondratiev e a utilização de postulados keynesianos e do estruturalismo cepalino. Tratam-se de influências que explicam, em grande monta, o êxito – em Rangel – tanto da transformação do materialismo histórico em algo profundamente brasileiro quanto a elaboração de uma Economia Política do Brasil.”
 
Você pode nos contar sobre esse artigo e, em que medida, é importante para o Brasil, nesse momento, rever o pensamento de Ignácio Rangel?
 
Breve currículo
 
Elias Marco Khalil Jabbour possui graduação em Geografia pela Universidade de São Paulo, mestrado e doutorado em Geografia Humana também pela USP. É Professor Adjunto da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Econômicas e do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais. 
 
Sua atuação nas áreas de Geografia Humana e Economia Política brinda aqueles que acompanham seu trabalho, com visões particulares e originais tanto do socialismo quanto da dinâmica chinesa.
 
Foi assessor econômico da Presidência da Câmara dos Deputados entre 2006 e 2007.
 
É um dos organizadores do livro “Repensar o Brasil” (AMFG, 2020) e autor dos livros “China Hoje: Projeto Nacional, Desenvolvimento e Socialismo de Mercado” (Anita Garibaldi, 2012) e “China: Socialismo e Desenvolvimento - Sete Décadas Depois (segunda edição revista e ampliada, Anita Garibaldi, 2020).
 
 
   
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